“É uma provocação, uma audácia sem precedentes”, diz Schirmer sobre assassinato no aeroporto

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21083631Secretário de Segurança está no Rio de Janeiro nesta segunda-feira para um encontro com José Mariano Beltrame

Por: Débora Cademartori ZERO HORA

No Rio de Janeiro para um encontro com o secretário de Segurança daquele Estado, José Mariano Beltrame, o secretário gaúcho da pasta, Cezar Schirmer avaliou o assassinato de Marlon Roldão Soares, de 18 anos, no Terminal 2 do Aeroporto Salgado Filho na manhã desta segunda-feira. Para ele, o crime é uma “desfaçatez”, uma movimentação audaciosa dos bandidos.

O homicídio é o segundo caso de violência no aeroporto em três meses. Na madrugada do dia 12 de junho, Mineia Sant Anna Machado, 39 anos, foi sequestrada no Terminal 1 e encontrada morta um dia depois, às margens da BR-386, em Montenegro. Schirmer não deixou claro se a Brigada Militar estuda alguma ação preventiva para a região, mas diz que terá de “conversar sobre o aeroporto com mais intensidade”. O secretário gaúcho volta ao Estado ainda nesta segunda.

Veja trechos da entrevista concedida nesta segunda-feira, por telefone:

A Secretaria de Segurança não se manifestou sobre o ocorrido no aeroporto. Qual o comunicado que o senhor pode fazer agora?
Eu sou imensamente solidário com as famílias vitimadas, isso é inaceitável, uma violência inominável. No caso do aeroporto, é uma desfaçatez, é uma provocação, uma audácia sem precedentes. Claro que sou solidário com as famílias. As nossas polícias já estão agindo rapidamente. Mesmo estando aqui, falei com o chefe de polícia várias vezes. Temos que fazer o agora, e elucidar esse caso, que aparentemente está bem conduzido.

A Infraero disse que a área onde ocorreu o assassinato na manhã desta segunda-feira é de responsabilidade da Brigada Militar…
Isso é uma portaria federal. Eu não sei se uma portaria de um setor do governo federal pode destinar atribuições de competência do Estado. Eu não estou negando isso, mas eu quero ver melhor. Não estou convencido disso. Até porque o governo federal esta privatizando os aeroportos. Como eu vou colocar Brigada Militar em um local privado? Teria de botar também em hotéis, restaurantes, casas noturnas.

Em junho, uma funcionária do Salgado Filho foi sequestrada no local e morta depois. Já foi estudada alguma ação preventiva na área do aeroporto?
Tem dois fatos gravíssimos que ocorreram. Vamos ter que sentar tanto com a Infraero quanto com a Polícia Federal, e também com as nossas polícias. Vamos ter de começar a conversar sobre o aeroporto com mais intensidade.

A Força Nacional está fazendo efeito?
Está fazendo efeito, sim. O que não existe é milagre, não existe mágica. Nós já estamos trabalhando na emergência, trabalhando no curto prazo, médio prazo e longo prazo. Estou aqui no Rio de Janeiro exatamente com esse propósito. Ver o que se pode fazer já, o que se pode fazer daqui a pouco e fazer um pouco mais adiante. Mas não vamos nos iludir, essas coisas não se mudam do dia para noite. Afinal de contas, a segurança está sendo gerida no país como uma prioridade. Na Constituição Federal, está escrito que a segurança é dever do Estado e de responsabilidade de todos. Só que hoje em dia não dá mais para tratar esse assunto somente com o Estado. É de todos. Se não for de todos, vamos perder essa guerra e nós já estamos perdendo.

A Força Nacional vai mudar um pouco a estratégia?
Eu não posso te responder. Estou desde ontem aqui no Rio de Janeiro, teria de avaliar isso aí com o pessoal da própria Força Nacional.