“Chegamos ao fundo do poço”, admite secretário estadual da Segurança

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schirmer3-960x600Cezar Schirmer prevê, ainda assim, criação de 3 mil a 3,5 mil vagas no sistema prisional até julho do ano que vem

Fonte:Lucas Rivas/Rádio Guaíba

Com a retenção de presos em viaturas por falta de vagas em presídios e delegacias, o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, admitiu hoje, em entrevista à Rádio Guaíba, que o sistema carcerário gaúcho está em colapso. Ele reconheceu a gravidade do problema e lamentou. “Todo o sistema prisional está em colapso no Rio Grande do Sul. Isto não é novo, isso vem acontecendo e se agravando nos últimos 20 e 30 anos, mas agora nós chegamos ao fundo do poço”, reconheceu.

De forma emergencial, Cezar Schirmer informou, durante o programa A Cidade É Sua, que um comitê foi criado com integrantes do governo e Judiciário para traçar um “diagnóstico” do sistema prisional. O decreto autorizando a criação do grupo de trabalho foi publicado nessa quinta-feira no Diário Oficial.

Em meio a falta de vagas em presídios, Schirmer foi categórico ao afirmar que os presos não podem ficar custodiados em viaturas, tampouco em carceragens da Polícia Civil. “Não é papel das delegacias de polícia se transformar em presídios. Isso é rigorosamente inaceitável”, admite.

De acordo com o secretário, o problema pode ter se agravado ainda mais em função do elevado número de prisões realizadas pelas polícias gaúchas. Em 20 meses, segundo Schirmer, mais de seis mil prisões foram realizadas, acarretando também na superlotação das cadeias, sobretudo na região Metropolitana.

Cezar Schirmer reafirmou que o problema na área da segurança pública é tratado com primazia pelo Executivo. “A prioridade número um é de enfrentar a realidade do sistema prisional”, frisa.

Com vários presídios interditados, o secretário confirmou que dois centros de triagem serão construídos nos próximos meses. Além disso, reiterou a liberação do Presídio Feminino de Lajeado, em fim de novembro, assim como abertura total do complexo prisional de Canoas, no início de 2017. Com 80% das obras concluídas, os trabalhos na penitenciária de Guaíba também serão retomados para desafogar o sistema. “Ate julho do ano que vem, se tudo der certo, nós vamos ter no mínimo de 3 mil a 3,5 mil vagas novas no sistema prisional do Rio Grande do Sul. Estou falando do mínimo dos mínimos”, frisou.

presos_custodia_viaturaMais de 50 presos seguem retidos em DPs pela falta de vagas no sistema prisional

Superlotação em unidades policiais levou BM a custodiar apenados dentro de camburões

Pelo menos 55 presos seguem retidos em delegacias de polícia da região Metropolitana em função da falta de vagas no sistema prisional. Conforme o balanço mais recente divulgado pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a carceragem da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), em Porto Alegre, registra o maior número de presos – 18 -, seguida da 3ªDPPA, com dez. Conforme a Susepe, 81 presos foram transferidos ainda na noite passada para diferentes presídios da região Metropolitana.

A superlotação em DPs levou um preso a ficar sob custódia dentro de uma viatura da Brigada militar por cerca de 40 horas em frente à 3ª DPPA, entre quarta-feira e ontem. Preso por porte de arma na região da Vila Maria da Conceição, na zona Leste, ele alegou, pela manhã, ter ficado, inclusive, sem comer. Durante a tarde, o homem foi levado para a carceragem da unidade policial. Pela manhã, o total de presos em camburões chegou a cinco, em função da falta de vagas em presídios e unidades de Polícia.

Secretário admite que Estado chegou ao “fundo do poço”

Nessa sexta-feira, o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, admitiu, em entrevista à Rádio Guaíba, que o sistema carcerário gaúcho está em colapso. Ele reconheceu a gravidade do problema ao lamentar que o setor chegou ao fundo do poço. “Todo o sistema prisional está em colapso no Rio Grande do Sul. Isto não é novo, isso vem acontecendo e se agravando nos últimos 20 e 30 anos, mas agora nós chegamos ao fundo do poço”, reconheceu.

Em meio a falta de vagas em presídios, Schirmer foi categórico ao afirmar que os presos não podem ficar custodiados em viaturas, tampouco em carceragens da Polícia Civil. “Não é papel das delegacias de polícia se transformar em presídios. Isso é rigorosamente inaceitável”, admitiu.