Delegados querem criar Central de Polícia em São Leopoldo

2829887Estrutura deficitária revela problemas da segurança pública

A recorrência do acúmulo de presos nas celas da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo trouxe à tona problemas maiores que a Polícia Civil enfrenta na cidade. O delegado titular da 1a Delegacia de Polícia, e também responsável pela DPPA, Clóvis Loureiro, é enfático ao dizer que as instalações inadequadas do prédio contribuem para os problemas que servidores, detentos e a comunidade enfrentam diariamente.

Tempo de espera para registrar ocorrência, risco imposto pela quantidade de presos que se acumula nas celas e a demora para a instalação de delegacias especializadas seriam solucionados com infraestrutura adequada, afirma Loureiro. “O ideal seria uma central de polícia, que abrigasse todas as delegacias especializadas e que incluísse também a Delegacia da Mulher, do Idoso e da Criança e do Adolescente”, projeta.
O delegado argumenta que para uma cidade do porte de São Leopoldo o ideal seria uma central nos mesmos moldes como existe em Novo Hamburgo e Canoas. Esboços para que se concretize a intenção de se construir uma Central de Polícia começaram a ser traçados, mas ainda carecem de apoio. “Seria fundamental que a comunidade de São Leopoldo participasse mais desse projeto”, apela o delegado Loureiro. O diretor da 3a Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), que tem sede em São Leopoldo, o delegado Rosalino Seara, afirma que estão sendo articuladas algumas soluções.
Entre as possibilidades, o delegado menciona a utilização do prédio do antigo Fórum de São Leopoldo, na Avenida João Corrêa, no Centro, e um “plano B” seria a ceder a área onde está na DPPA, 1a DP e 3aª DPRM, no bairro Cristo Rei, em forma de permuta para uma construtora, que, em troca, ofereceria uma área construída para a Polícia Civil.
Delegado diz que carece de mobilização comunitária
“Estamos conversando com a chefia de Polícia sobre essas possibilidades e como poderíamos avançar para melhorar a infraestrutura”, destaca Rosalino Seara, ao lembrar também que o empecilho para a instalação da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) em São Leopoldo é a falta de espaço físico.
“Pedimos a criação da DEAM, e o chefe de Polícia nos garantiu que se tivermos um prédio com móveis é possível lotar uma delegada e servidores no Município. Mas infelizmente sinto que não há uma mobilização da comunidade para a criação da delegacia”, acrescenta o diretor da 3a DPRM.
A instalação da DEAM é assunto antigo, mas que parece sempre esbarrar na falta de estrutura física. Embora haja esforço de diferentes lados, o fato é que até hoje nada aconteceu. As ocorrências de violência relacionados a mulheres são registrados nas delegacias, bem como são encaminhados para o Centro Jacobina. Contudo, um atendimento especializado dentro de uma delegacia parece ainda estar longe de se concretizar.
Entidades conhecem os problemas da Polícia
O coordenador do movimento #Paz em São Leopoldo, Rogério Daniel da Silva, afirma que a organização tem conhecimento dos percalços pelos quais passa a DPPA, sobretudo em relação ao acúmulo de presos nas celas. Silva cita também que várias reuniões já foram realizadas para discutir a instalação da DEAM no Município. “O Rosalino já apresentou o esboço projeto que envolve esforços grandes, com o anseio de trocar a área da delegacia para criar a Central de Polícia”, atesta Silva. O coordenador do #Paz explica que é preciso elaborar um orçamento do projeto e fazer um levantamento das áreas do Estado para fazer parte do pacote. “Esse projeto seria mais para o futuro, pois toda essa parte de cedência de locais é bem mais demorada”, explica.
Contudo, em curto prazo seriam viáveis soluções para “necessidades menores”, aponta Silva. “A opção seria utilizar a área que já existe para fazer remanejo da parte da delegacia e da parte de registro de ocorrências para adequar melhor o espaço”, comenta. Silva afirma que aguarda que os orçamentos dos projetos da Polícia para que, através do #Paz, possa “angariar fundos junto ao empresariado, assim como fizemos com a Guarda Civil Municipal que implantou o cerco eletrônico”, garante.
O presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro) de São Leopoldo, André Defferrari, lembra que há mais ou menos dois anos e meio discutia-se um projeto para construção de uma central no local onde está hoje a 3a DPRM. “Mas esbarrou na burocracia do Estado”, lamenta. “É válido sempre que há uma proposta para melhorar as condições de atendimento à segurança, mas até hoje nada teve andamento”, comenta.
JORNAL VC