Há dois meses do veraneio, praias gaúchas ainda precisam superar desafios

IMAGEM ILUSTRATIVA
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Segurança, saúde e infraestrutura são temas que preocupam moradores

A cerca de dois meses do início da temporada de veraneio, as praias do Litoral Norte apresentam quadros diferentes para distintas regiões. Enquanto algumas parecem estar abandonadas pelo poder público, outras esperam os veranistas com modificações na arquitetura urbana, em especial à beira-mar, surpreendendo.

Correio do Povo circulou por seis praias da região nos dias 18 e 19 deste mês, falando com moradores e vendo a situação de ruas e estradas. O ponto comum em todos os municípios é o medo da violência, com aumento da criminalidade, e também críticas aos postos de saúde. Apesar de muitos terem sido abertos e atenderem a população local, os moradores dizem que o atendimento poderia ser melhor. Há queixas de falta de médicos.

O cuidado com as ruas também é outro ponto distinto entre os balneários. Em quatro deles, Capão da Canoa, Tramandaí, Arroio do Sal e Torres, as ruas estavam trafegáveis, com poucos buracos. Em dias de chuva, como os dois em que estivemos na região, são encontrados pontos de acúmulo de água, em especial nas esquinas. As outras duas praias, Balneário Pinhal e Cidreira, apresentaram ruas esburacadas e também com acúmulo de água. O mesmo ocorre nos balneários que fazem parte de Pinhal, como Magistério.

As estradas apresentam, salvo raras exceções, piso bom para trafegar. A BR 290 (freeway) está em boas condições. Outra rodovia que permite trafegar com uma certa tranquilidade é a BR 101. Nesta estrada, no entanto, já existem buracos, principalmente após o túnel de 1 quilômetro. De maneira geral, a estrada, já duplicada, permite que o trânsito flua normalmente, mesmo em dias de chuva forte. A ERS 040 tem um asfalto que até o pedágio está bom, com poucos desníveis.

Após a praça de pedágio, um trecho de pelo menos oito quilômetros está como se fosse duplicado, com o acostamento servindo de pista. O trânsito neste local só é permitido para ônibus de linha e carros de passeio. Depois do término da “duplicação”, o trânsito corre com dificuldade. Outra rodovia que para o verão está boa é a ERS 389 (Estrada do Mar), com asfalto quase sem buracos e fluindo normalmente. O único problema da via é a total falta de acostamento, algo que vem desde a construção da rodovia.

Uma das estradas que, décadas atrás, era a rota de muitos veranistas, a ERS 786 (Interpraias) continua em alguns pontos em péssimo estado de conservação. A estrada vai de Palmares do Sul a Torres. Em outros trechos é possível trafegar com tranquilidade, passando pelo meio de balneários sem problemas maiores. O maior perigo é entre Salinas e Tramandaí. No local, existe fina camada de asfalto em alguns pontos. Em outros, ele sumiu totalmente, deixando crateras em seu lugar.

O motorista é obrigado a passar para a mão contrária para vencer os obstáculos. Em Balneário Pinhal, onde recebe o nome de avenida Paraguaçu em alguns trechos e avenida Itália em outros, a via também é bastante esburacada. Segundo a prefeitura local, a responsabilidade pela via é do Estado. No entanto, na parte que vai de Capão Novo até Arroio do Sal a conservação é melhor, possibilitando trafegar sem sobressaltos pelo meio de balneários que se preocuparam em conservar o piso da rodovia. Mesmo com chuva, a estrada é trafegável, sem maiores problemas, como acúmulo de água na pista, por exemplo. Existem algumas poças, mas nada que impeça o condutor de seguir em frente. É uma boa opção para quem quer fugir dos congestionamentos da Estrada do Mar.

Cidreira e Tramandaí

Em Cidreira, as principais ruas não apresentam buracos, a orla também está bem cuidada, apenas com algumas guaritas deterioradas. A segurança e a saúde são os maiores problemas dos moradores da cidade. De acordo com Taís Margotti, o atendimento nos postos de saúde deixa a desejar. “Não é o atendimento que merecemos”, reclama Taís, que reside em Cidreira há 20 anos. “O atendimento não está o ideal.”

A falta de segurança também deixa os moradores com medo. De acordo com Taís, é perigoso sair à noite, com assaltos sendo frequentes. “No centro da cidade está horrível, com criminosos roubando e matando”, reclama. “Ia abrir um negócio na Centro, mas desisti”. Na manhã do dia 18, uma viatura da BM fazia a ronda pelas ruas do Centro.

Se os moradores das praias mais ao Sul da região têm como reclamações a segurança e a saúde, os que residem mais ao Norte, como Capão da Canoa e Tramandaí, têm basicamente como reclamação o fator segurança. Assim mesmo, não são todos os que criticam essa área. Em Tramandaí, o garçom Pablo Harkovtzeff afirma que o quesito melhorou muito após ter sido desencadeada a Operação Avante da Brigada Militar, no Litoral. Segundo ele, uma ação desse porte se fazia necessária. “Ajudou a retirar muitos criminosos das ruas”, disse. “Estamos nos sentindo mais seguros”.

A saúde também está melhor, de acordo com Harkovtzeff. A reabertura do Hospital da Ulbra e as Unidades Básicas de Saúde (UPAs) ajudaram muito, segundo o garçom, que reside há 22 anos em Tramandaí. “Creio que isso (a melhora no atendimento á saúde) irá fazer com que o turismo seja incrementado”, comenta Harkovtzeff, projetando um bom veraneio.

No entanto, não são todos os moradores da Tramandaí que concordam com o garçom. O comerciante Adriano Krüger não vê motivos para comemorar a Operação Avante. Ele é proprietário de um quiosque bem em frente à rua da igreja. Krüger afirmou ter contratado uma equipe de segurança privada para monitorar o local. Outros quiosqueiros fizeram o mesmo. “Sempre estou dando uma passada por aqui para ver a situação, além dos vigilantes”, contou. “Todo ano um quiosque é incendiado. Nunca estamos seguros.” A Brigada Militar afirmou que o efetivo faz o patrulhamento ostensivo da praia.

O prefeito eleito da cidade, Luiz Carlos Gauto, disse ser necessário aumentar o efetivo da Guarda Muncipal, aprimorando mais os integrantes da instituição. Apenas Tramandaí e Imbé possuem Guardas Municipais. Também serão feitos convênios com a Brigada Militar. “Também queremos um elo maior com as empresas de vigilância particulares”, salientou Gauto. “Eles têm efetuado muitas prisões. Aqui, no município, eles possuem 50 viaturas, enquanto a BM tem apenas duas, com um efetivo de 56 PMs”. Outra reivindicação dos quiosqueiros é terem permissão de construir banheiros em seus estabelecimentos. Algo, segundo Krüger, que é pedido à prefeitura há anos e ainda não foi permitido. A prefeitura informou que a permissão tem de ser pela Fepam e não pelo município.

Fonte:Paulo Roberto Tavares/Correio do Povo