“Não estou devendo nada”, diz Sartori sobre cobranças

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sartori-palacioSindicato dos professores avalia pedido de impeachment do governador por atrasos de salários

Rádio Guaíba

O governador José Ivo Sartori afirmou, em entrevista à Rádio Guaíba, que não está “devendo nada” e que estranha as articulações de pedido de impeachment levantadas por grupos de servidores contra ele. Na entrevista, realizada em seu gabinete, no Palácio Piratini, o governador também disse que não se sente compelido a pedir desculpas, uma vez que, segundo ele, procurou ser transparente e verdadeiro.

“Eu sou daqueles que pensam que não estou devendo nada. Procurei ser transparente, verdadeiro em todas as horas e sabia que o Estado tinha que se voltar para fora, parar de ser voltado única e exclusivamente para si mesmo. Não estou atrás de alguma coisa que eu precise me desculpar. Vou cumprir o papel que me cabe como governador do Estado, para que tenha equilíbrio financeiro e possa atender melhor a sociedade”, disse o governador, no fim da tarde da segunda-feira.

O Cpers Sindicato, que representa os professores, abriu consulta aos seus filiados para decidir se encaminha à Assembleia um pedido de impeachment do governador. Em setembro, o governo estadual parcelou o salário do funcionalismo público pelo oitavo mês consecutivo. O Cpers já obteve na Justiça uma decisão judicial que obriga o pagamento dos salários dos professores e funcionários de escolas em dia. No ano passado, um pedido de impeachment de Sartori foi arquivado na Assembleia.

Sobre o pagamento do 13º salário do funcionalismo, Sartori se limitou a dizer que o governo fará “tudo que é possível” para quitar o compromisso. A venda de estatais para quitar o compromisso salarial não deve ser uma alternativa do governo. “Isso (venda de estatais) não se faz de uma hora para outra. Até porque nas condições atuais da economia, eu não sei quem deseja adquirir algum ativo do Estado”, projetou Sartori.

Presídio de Canoas previsto para 2017

Uma das principais alternativas para desafogar o Central, o presídio de Canoas deve ser concluído somente no próximo ano, conforme o governador. O primeiro módulo do presídio foi entregue em março deste ano e a expectativa é que fosse concluído ainda em 2016. “No ano que passou, abrimos a primeira parte do presídio de Canoas. Acredito que ainda durante o primeiro semestre do ano que vem deveremos entregar a segunda parte. Deveremos chegar em 2018 com 6 mil (novas) vagas prisionais”, disse Sartori.

Privatizações

O governador indicou ainda que a Companhia Rio-Grandense de Mineração (CRM) deve entrar na “reforma administrativa” do Estado, processo que está sendo gestado pelo núcleo do governo estadual. Para Sartori, não cabe ao Estado a participação na atividade de mineração, o que indica que a empresa – de economia mista – pode ser uma das primeiras de sua gestão a ser privatizada. Já sobre a Sulgás, outra empresa que está com seu futuro incerto, Sartori destacou que a organização tem apresentado lucro nos últimos anos, o que afastaria a possibilidade de venda.

“Eu mesmo pedi que fosse oferecida, e deve ficar pronta dentro de 15 ou 20 dias, uma alternativa para a CRM, porque do jeito que está sendo colocada não responde mais às necessidades. Até porque, acredito eu, não é muito papel do Estado fazer mineração. Pelo que eu vi da Sulgás, tem condições, tem tido um excelente trabalho no ano que passou e nesse ano parece que também vai ter uma fluidez de recursos que vai ter uma tranquilidade”

PEC do teto de gastos

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, a chamada PEC do teto de gastos, aprovada na segunda-feira em primeiro turno, agrada o governador Sartori. A medida limita os gastos do governo federal por 20 anos, colocando como teto os investimentos do ano anterior corrigidos pela inflação. Se aprovada em segundo turno, segue para análise do Senado. Para Sartori, a PEC não vai interferir no repasse de verbas federais para saúde, educação e segurança.

“É preciso ter um bom controle, uma boa gestão e um trabalho voltado para equilibrar as finanças. Se você não fizer isso no mundo nacional, não vai mudar a economia. Temos que considerar que temos hoje 12 milhões de desempregados no Brasil. O que foi dito pelos representantes do governo é que os investimentos em saúde, segurança e educação não vão mudar. Embora eu entenda que o governo federal tem muito pouco de políticas públicas de segurança”

Eleições municipais

Questionado sobre a fraca participação nas campanhas políticas dos candidatos de seu partido (PMDB) nas eleições municipais, o governador negou que o afastamento se deva à sua baixa popularidade. De acordo com Sartori, trata-se de uma busca por equilíbrio para evitar constrangimentos com os partidos da base de governo.

“Procurei ter uma atitude equilibrada no processo eleitoral. Não significa que eu, como governador, pertença a algum partido. Não tive atitude distante, mas equilibrada, para evitar os milindres políticos”, apontou.

Em Porto Alegre, o governador não apareceu na campanha do candidato Sebastião Melo (PMDB). Em sua base eleitoral, Sartori participou de uma atividade junto do candidato que apoia, Edson Néspolo (PDT). O mandatário do Estado foi prefeito de Caxias do Sul por dois mandatos entre 2005 e 2012.

Segunda missão internacional na Europa

No próximo sábado, o governador Sartori parte para sua segunda missão internacional em terras europeias. Acompanhado de secretários e empresários, passará por Alemanha, França e Itália. Segundo o governador, investimentos das empresas Carrefour e Lactalis no Estado podem ser encaminhados durante a missão.

“Na França, teremos duas agendas específicas: uma com a Lactalis, com investimentos que poderão ser feitos no Estado. Recebemos uma visita e agora vamos retribuir ao Carrefour, que deve fazer investimentos no Rio Grande do Sul, e que nós recebemos a visita e agora vamos retribuir”, apontou.

Na Alemanha, primeiro destino do governador, a principal atividade será a participação no 34º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), em Weimar. Na Itália, a comitiva liderada pelo governador apresentará as possibilidades de investimento no Estado.