ZERO HORA: Definições sobre candidaturas ao Piratini aguardam cenário nacional

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19695672Partidos enfrentam dilema de apostar em nomes novos ou já conhecidos

Por: Juliano Rodrigues ZERO HORA

Com o Palácio Piratini na mira, os principais partidos com representatividade no Rio Grande do Sul, como PMDB, PT, PP e PDT, lidam com um dilema: apostar em uma renovação de líderes, que ainda é tímida, ou indicar velhos conhecidos dos eleitores para concorrer a governador. Outro componente importante nesse jogo de xadrez é a eleição para o Senado, que renovará duas vagas — há mais interessados no Congresso do que no Executivo.

Em relação à última eleição para o Piratini, a tendência é de que poucos nomes se repitam. O governador José Ivo Sartori (PMDB), eleito em segundo turno, não deve concorrer. Assim, o PMDB terá de buscar alternativas caso queira ter candidatura própria. O nome do atual secretário da Segurança, Cezar Schirmer, é lembrado, mas depende do sucesso do seu trabalho e de como será a sucessão do conselheiro Algir Lorenzon no Tribunal de Contas do Estado em 2017 — Schirmer e o deputado estadual Gilberto Capoani são cotados.

— A prioridade do Sartori é governar o Estado. Os problemas do Rio Grande do Sul são muito urgentes e não permitem que se pense em eleições agora. Ele não fala sobre isso — despista um interlocutor do governador.

Tarso Genro (PT), derrotado por Sartori em 2014, também não pretende voltar a disputar o governo. Internamente, há líderes do PT que defendem a candidatura dele e avaliam que o desgaste de Sartori pode favorecer o ex-governador. O ex-ministro Miguel Rossetto e o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, também são citados. Contra Jairo, pesa o fato de o PT gaúcho ser dominado por uma corrente contrária à sua, além das incertezas sobre o impacto da eleição de Canoas — ele é investigado pela Polícia Federal por supostas irregularidades na campanha deste ano.

— A eleição ainda está longe do nosso horizonte.

O recado das urnas é de que precisamos tirar lições importantes antes de pensar em 2018. Temos de ter uma pauta política para recuperar a relação com a nossa base — afirma o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi.

O bom desempenho nas eleições municipais pode pavimentar caminho para que o PSDB volte a lançar candidato próprio ao Piratini. O prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, pretende concorrer a deputado federal, mas pode ser incentivado a buscar o Executivo dependendo do cenário nacional. Se perder a atual eleição em Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior pode ser o escolhido para liderar uma chapa.

Também no embalo do enfraquecimento da esquerda, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM) é cotado para concorrer ao governo. Pelo PP, a senadora Ana Amélia Lemos deve disputar a reeleição. O partido buscaria uma coligação e pode apoiar um tucano.

Já o PDT conta com várias opções para concorrer ao governo. No momento, quem é mais citado é o senador Lasier Martins. Os prefeitos de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, e de Porto Alegre, José Fortunati, também aparecem nas sondagens — apesar de o chefe do Executivo da Capital já ter declarado abertamente que pretende disputar vaga no Senado.

Os cenários por partido

PMDB: o caminho natural seria a indicação do atual governador, José Ivo Sartori, à reeleição, mas o desgaste deve modificar os planos — e ele não teria interesse. É provável que, se o partido disputar a Presidência, tenha de ter candidato ao Piratini. Além de Sartori, são lembrados Cezar Schirmer, Giovani Feltes e Germano Rigotto — que prefere o Senado.

PDT: estão cotados o senador Lasier Martins, o prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho, e o ex-deputado Vieira da Cunha. O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, deve concorrer ao Senado, caso permaneça na sigla. O deputado federal Afonso Motta é citado, mas perdeu força ao rejeitar o impeachment de Dilma.

PSDB: O bom desempenho nas eleições municipais animou o partido. Caso Nelson Marchezan Júnior seja derrotado na Capital, o seu nome pode aparecer. O prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, é citado e ganhou força após eleger a sucessora, mas prefere a Câmara. A candidatura do PSDB à Presidência pode exigir palanque no Estado.

PT: enfrenta o desafio de renovar as opções locais. Os nomes mais citados são o ex-governador Tarso Genro, o ex-ministro Miguel Rossetto e o prefeito de Canoas, Jairo Jorge — poderia ser a novidade, mas enfrenta desgaste com suspeitas de irregularidades na campanha local e não conta com simpatia da direção do PT.

PP: o partido estreitou relações com o PSDB nos últimos tempos, principalmente com Nelson Marchezan Júnior. Sem ter um nome natural para o Piratini — a senadora Ana Amélia Lemos deve ir à reeleição —, a tendência é apoiar um tucano. A relação com o PMDB no governo estadual está desgastada.

PSOL: as principais apostas devem ser aumentar o tamanho da bancada estadual, que hoje conta apenas com Pedro Ruas, e eleger Luciana Genro deputada federal. Assim, o nome mais forte para concorrer ao Piratini é o do recém eleito vereador Roberto Robaina.

DEM: em seu quarto mandato na Câmara e aos 62 anos, Onyx Lorenzoni pode, enfim, disputar o Piratini. Mesmo tendo a reeleição para o cargo praticamente certa se voltar a concorrer a deputado, tentaria aproveitar o espaço aberto para candidatos de direita com o desgaste da esquerda.

PSD: na esteira da eleição do empresário João Doria (PSDB) em São Paulo, o PSD pode investir no vice-governador José Paulo Cairoli. São reduzidas as chances de apoiar o PMDB. Não pegou bem a rapidez de Sartori para nomear Cezar Schirmer para a Segurança quando Cairoli vinha liderando ações da pasta.

PSB: Beto Albuquerque pode ser indicado para disputar o Piratini, principalmente se tiver apoio do PMDB — ele teria planos nacionais. Também poderia ir ao Senado. Em 2014, Beto disputava a vaga até a morte do candidato à Presidência Eduardo Campos, quando se tornou vice de Marina Silva.

PTB: o caminho dependerá das costuras nacionais. O nome mais citado é o do deputado Luis Augusto Lara — em 2010, anunciou a candidatura, mas desistiu. Se dependesse dos petebistas, Sérgio Zambiasi seria o candidato, mas o comunicador deve voltar a concorrer a deputado estadual.