ZERO HORA: Governo deve enviar PMs para a Serra após 120 assassinatos no ano

350

21360072Secretário de Segurança Pública afirma que estuda a ampliação da Operação Avante para Caxias do Sul

Por: Mauricio Tonetto ZERO HORA

Atingida pela maior onda de assassinatos dos últimos anos, Caxias do Sul deve receber, nos próximos dias, reforço policial do governo do Estado. Na noite de segunda-feira, foram seis mortes violentas em uma hora — em 2016, já são 120 vítimas, cinco homicídios a mais do que os 12 meses de 2015. O recorde registrado para um ano é de 134.

“Mais 90 dias, no mínimo”, diz Schirmer sobre Força de Segurança

O secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer, garante que a Brigada Militar estuda o envio de homens à Serra Gaúcha, numa extensão da Operação Avante, “possivelmente em breve”.  Além disso, o Piratini vai pedir a prorrogação da presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Sul por pelo menos mais 90 dias, e a ampliação do número de agentes — no momento, são 136 policiais de elite nas ruas da Capital.

— Ainda não há uma decisão, e sim uma intenção (da Operação Avante na Serra), mas depende de algumas coisas. Possivelmente vá acontecer em breve. Os resultados, onde temos feito, são positivos. O crime se movimenta e nós vamos atrás e mostrar que ele não compensa — diz Schirmer.

Os homicídios mais recentes envolvem uma jovem que não teria qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. Lílian Cassini, 21 anos, foi baleada por volta das 22h30min de segunda-feira no bairro Planalto. Ela estava dentro de um carro com Jonas Almeida de Mello, 26 anos, também executado — ele era suspeito de ligação com bandidos.

As vítimas, conforme a Polícia Civil, acabaram mortas em represália aos assassinatos de Priscila de Lima Boeira, 29 anos, e Stefani de Souza de Oliveira, 24 anos, no último sábado, no bairro Fátima. Para o delegado Rodrigo Kegler Duarte, não há dúvidas de que se tratam de execuções. O local onde aconteceu o crime, na Rua Antônio Benevenuto de Marchi, seria em frente à casa de Mello, o que endossa a tese de uma emboscada.

— Se trata evidentemente de execução, até pelo armamento e pela forma como aconteceu — aponta Duarte.

Migração do crime

Depois de alvejarem Lílian e Jonas com 40 disparos, os atiradores fugiram em um veículo HB20 branco e foram perseguidos pela Brigada Militar. Na fuga, rodaram pelos bairros Planalto, Diamantino, Cruzeiro, Bela Vista e Cristo Redentor. Encurralada na Vila Ipiranga, a quadrilha abandonou o carro na Rua João Pedrinho Pistorello e tentou escapar a pé.

Em uma escadaria, Eduardo de Jesus, 19 anos, Eduardo Mascarello, 23 anos, Rodrigo Pavan, 34 anos, e Robson de Souza Nunes, 30 anos, terminaram abatidos. Anderson Lima de Miranda, 34 anos, sobreviveu porque usava um colete à prova de balas.

Lílian Cassini era comissária de bordo e morava no bairro Planalto, em Caxias do SulFoto: Facebook / Reprodução

— Eles provavelmente entraram sem conhecer a Vila Ipiranga. Resolveram se refugiar em um local alto, e o preparo dos PMs prevaleceu — ressalta o major Emerson Ribas, comandante do 12º BPM.

As ligações da quadrilha são investigadas pela polícia. O HB20 utilizado para matar Lílian e Mello tinha placas de Viamão, o que indica que o grupo pode atuar na Região Metropolitana. Segundo Cezar Schirmer, isso seria uma consequência natural do endurecimento do combate à violência em Porto Alegre:

— Essa é a guerra do tráfico. As facções são estaduais. Na Capital, com os resultados positivos da Avante, os bandidos estão fugindo. Primeiro para o Litoral Norte, o que fez lançarmos a continuidade da operação naquela região. Agora examinamos, pelo incremento dos homicídios em Caxias, uma Avante na Serra.