Foco do decreto de Sartori é obter apoio político e popular

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21836396NOVOS PROJETOS ESTÃO POR VIR

Além dos 22 projetos de ajuste financeiro encaminhados ontem à Assembleia, o governo do Estado não descarta enviar outras propostas nos próximos dias.

Governador decretou situação de calamidade financeira no Rio Grande do Sul

O decreto de situação de calamidade financeira do Estado, publicado nessa terça-feira no Diário Oficial, irá ampliar ações de austeridade e o rigor sobre o controle de gastos que já estão em andamento, algumas desde o início da gestão de José Ivo Sartori.

O foco principal da iniciativa, no entanto, é o seu reflexo no campo político. O decreto prepara o terreno para novas fases do pacote que devem chegar ao Legislativo em data ainda não definida. Alguns não foram concluídos a tempo de integrarem o pacote, e outras propostas ainda estão em fase de análise. Entre elas, mudanças em carreiras de categorias do funcionalismo, propostas envolvendo a cobrança da dívida ativa e mais enxugamentos, que colocarão na mira também instituições como o Badesul, que pode ter as funções incorporadas pelo BRDE.

Assinado pelo governador às 23h de segunda-feira, horas após o anúncio do pacote de projetos que chegou na terça-feira à Assembleia, o decreto visa também reforçar o discurso da crise financeira sem precedentes junto aos cidadãos, na tentativa de ganhar apoio popular às medidas, e mandar recado político para diversos destinatários. Entre eles, a base aliada, representantes de poderes que também serão atingidos no caso de aprovação de propostas e para sensibilizar o governo federal.

O texto foi publicado na data da reunião convocada pelo presidente Michel Temer, com governadores, para tratar de auxílio emergencial do Planalto aos estados para viabilizar o pagamento de pelo menos parte do 13º salário.

Menos uma briga

Em reuniões que aconteceram durante a elaboração dos projetos do pacote, o Executivo foi pressionado por alas do setor empresarial para incluir proposta de revogação do salário mínimo regional no Estado. Segundo interlocutores do governo, o tema até poderá ser tratado em um segundo momento, mas agora não seria prudente e representaria comprar briga com mais um setor: os trabalhadores da iniciativa privada.

Mantida na última hora

Até as 13h de segunda-feira, horário em que ocorria reunião ampliada do secretariado sobre os projetos que seriam anunciados horas depois, constava do pacote proposta de extinção da pasta de Obras, Saneamento e Habitação.

A iniciativa, que pegou de surpresa o atual secretário Gerson Burmann, do PDT, gerou reação. Grupo de “bombeiros” entrou em campo e o projeto acabou sendo excluído do pacote. Mesmo esperando dissidências na bancada do PDT, que tem sete deputados, a avaliação é a de que não é hora de o governo comprar brigas pontuais com aliados.

CORREIO DO POVO