Situação da Perg é pauta de reunião com lideranças da área da segurança

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Presidente do Sindicato ressaltou que as condições de trabalho precisam ser melhoradas para evitar um agravamento na falta de segurança dentro das penitenciárias

FALTA DE EFETIVO e a SUPERLOTAÇÃO foram os principais pontos abordados

POR FERNANDA CADAVAL Jornal Agora

Na manhã desta quinta (26), a sede do Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública do Município (GGI-M) foi o espaço escolhido para marcar um ato histórico – assim descrito pelos presentes –  e de prevenção com relação à situação da Penitenciária Estadual do Rio Grande (Perg). Na ocasião, estiveram reunidos diversos representantes da segurança municipal e estadual, como o prefeito Alexandre Lindenmeyer; o diretor da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Guilherme Ulgim; o diretor da Perg, André da Silva; o presidente do Sindicato Estadual dos Servidores Penitenciários (Amapergs), Flávio Berneira; representantes do judiciário, do Ministério Público e agentes penitenciários. “Esta reunião é uma sequência do encaminhamento que o GGI-M fez à Secretaria Estadual de Segurança Pública, que chamou a atenção para a necessidade de aumentarmos o número de efetivo de agentes penitenciários dentro da Perg”, disse o prefeito.

SITUAÇÃO ATUAL

De acordo como diretor da Perg, são duas as situações críticas que afetam o bom funcionamento da penitenciária: o baixo número de efetivo e a superlotação. A Perg tem capacidade para 538 vagas, no entanto, hoje, conta com mais de 1040 apenados, e o número de funcionários não está proporcional à quantidade de presos. “Estamos hoje aqui fazendo um alerta e expondo nossa realidade. Nossos agentes são dedicados e trabalham fazendo o melhor possível, porém a quantidade está abaixo do que necessitamos, nossos servidores estão trabalhando dentro do limite”, aponta André.

Já o presidente da Amapergs declarou ser esta uma realidade em todo o estado do Rio Grande do Sul e que, por muito tempo, não se deu voz nem importância para as condições de trabalho dos agentes penitenciários. “O sindicato vem colocando luz sobre estes problemas, no entanto nossas greves são sempre suspensas por ordem judicial. Mas algo precisa ser feito, pois a situação é grave e pode vir a ter sérias consequências, como as que estamos vendo no restante do País”, argumenta Flávio.

VISÃO DOS FUNCIONÁRIOS

Segundo funcionários da Perg, a situação é caótica e é preciso que se tome alguma providência o mais rápido possível. “Viemos aqui para que a população saiba o que está acontecendo, e que só não está pior porque a direção do presídio vem conseguindo manter nosso trabalho nas melhores condições possíveis, porém não são as ideais e o que queremos é oferecer o serviço adequado ao apenado”, declaram os agentes. Para eles, a solução seria mais gente trabalhando, mas, de forma emergencial, no mínimo, que fosse possível fazer horas extras. “Para que não haja uma sobrecarga do psicológico dos funcionários, o ideal é três dias de folga, porém, em último caso, para o retorno rápido seria a liberação para fazemos horas extras”, afirmam os servidores.

RESULTADOS DA REUNIÃO

Para a promotora Valdirene Sanches Jacobs, a reunião foi proveitosa e que nunca tinha sido feito um contato deste tipo com tantas personalidades e autoridades. “Fizemos encaminhamentos concretos ao governo do Estado. E acho que este encontro é histórico, porque nós temos problemas que podem se agravar, e nós estamos trabalhando na frente com a prevenção, o que não se faz no Brasil. Nós, primeiro, choramos para depois agir e, hoje, invertemos essa lógica. Hoje, mostramos que a situação não está boa e que é preciso mudar e estamos indo atrás dessas mudanças”, afirma a promotora.

Ao final da reunião, o prefeito declarou  a necessidade que, todos os municípios que tenham presídios, se faça um grande debate em relação a estas cidades, para que de forma articulada e com força encontrem no governo do Estado as respostas que precisam, que é ampliação de agentes penitenciários através de concurso público. O representante da Susepe comenta que há um concurso aberto para agentes penitenciários, porém não pode garantir quantos irão atuar no presídio do Rio Grande. E que os problemas enfrentados pela Perg são os mesmos das demais penitenciárias do Estado.

“Não queremos trabalhar numa situação já posta como ocorreu no nordeste do Brasil, que só depois do caos instalado é que se vai em busca de alternativas para reverter. Então estamos gestionando junto ao governo do Estado, à Secretaria de Segurança e à Susepe, uma audiência em caráter de urgência para a próxima segunda-feira, onde representações do Gabinete de Gestão Integrada lá estarão demandando por efetivos para a penitenciária do Rio Grande”, informou o prefeito sobre o resultado da reunião.