PRESOS NAS DELEGACIAS: Risco para delegados e agentes

‘Celas das DPs estão superlotadas. É um barril de pólvora que pode estourar a qualquer momento’

CORREIO DO POVO

O s delegados de Polícia e agentes estão colocando em risco sua integridade física em razão da presença de presos nas celas das Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O alerta foi feito ontem pela presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep), Nadine Taglari Farias Anflor. “As celas das delegacias estão superlotadas e o clima está pesado. É um barril de pólvora que pode estourar a qualquer momento”, citou. Nadine informou que as delegacias da Capital e da Região Metropolitana estão sendo ocupadas por presos ligados a facções criminosas. “São detentos reincidentes que estão com processos de execução em aberto. Eles deveriam estar no presídio e não nas celas das delegacias”, lamentou. Segundo a presidente da Asdep, é preciso que os presos sejam retirados imediatamente das delegacias para que sejam evitadas consequências mais graves. “O Rio Grande do Sul precisa urgentemente que o centro de triagem na zona Leste da Capital entre em funcionamento”, advertiu. A delegada informou que existem detidos nas DPPAs há mais de dez dias. “Eles não recebem visitas, não tomam banho, não escovam os dentes e não podem fumar. É um ambiente totalmente tenso. Os agentes estão sobrecarregados”, lamentou. Para Nadine, a custódia de presos não é atribuição da Polícia Civil. “Os delegados e os agentes não podem ser punidos por uma ineficiência histórica dos governos que até hoje não solucionaram a falta de vagas nos presídios gaúchos.” Ontem pela manhã, a Central de Polícia Civil em Canoas, na rua Sezefredo Azambuja Vieira, no bairro Moinhos de Vento, decidiu não receber mais detidos. A unidade estava com 20 presos em local para 16 pessoas. Um aviso foi colocado na porta da delegacia: “Considerando a superlotação de presos nesta delegacia de polícia e a fim de manter a ordem pública e garantir a segurança de todos, informamos que estão temporariamente suspensos os registros de ocorrência, bem como o acesso ao caixa eletrônico no período noturno”. Na Capital, na manhã de ontem, a 2ª DPPA estava com dez presos e na 3ª DPPA também havia dez apenados. O ônibus-cela Trovão Azul estava ocupado por 20 detentos. O primeiro centro de triagem para presos provisórios de Porto Alegre deverá ser inaugurado ainda este mês pelo governo do Estado. A estrutura, que antigamente abrigava apenados do regime semiaberto, terá capacidade para 84 detentos.