A Brigada Militar amanheceu ferida

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Nessa quinta-feira, o Jornal A Plateia conversou com a comandante do 1º Esquadrão e também com o comandante do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 2º Regimento de Polícia Montada (2º RPMon) da Brigada Militar em Sant’Ana do Livramento. O assunto: o tumulto causado na madrugada, no contexto das comemorações do título do Grêmio pela Libertadores, o que levou soldado do POE gravemente ferido ao hospital, após ser acertado no rosto por pedaço de concreto, arremessado por indivíduo de 19 anos, iniciais B.F.C., naturalidade uruguaia, e que acabou preso logo a seguir, sendo ontem à tarde encaminhado ao presídio. Confira trechos da entrevista e confira o conteúdo em material audiovisual em nossa página no Facebook. Às 17h48 de ontem, o Soldado Martins seguia no Centro Hospitalar Santanense e seu quadro era “estável”.

Tenente Ruisdias, comandante do POE

O POE ferido

“Muito triste esse episódio, o que nos deixou muito aborrecido. A Brigada Militar se encontrava no evento para garantir a segurança e integridade de todos. Uma cena violenta dessas contra um policial militar, um pai de família que estava trabalhando; estamos todos sensibilizados com esse colega. É triste que tenha acontecido, porque estávamos somente para garantir a segurança de todos que ali estavam. Em certo momento, com a ingestão de bebida alcoólica a pessoa sai do normal e extrapola”.

A ocorrência

“Estávamos desde o início do evento, que começou lá no Largo Hugolino, no telão. Um evento tranquilo, os torcedores estavam bem, tudo certo, transcorria normalmente. Após o jogo então, para comemorar, desceram para a avenida João Goulart. Trancamos as ruas, deixamos eles à vontade na BR, o trânsito foi interrompido. Até umas três horas da manhã foi tudo comemoração. Aí acho que depois, que começaram a beber e os ânimos vão levantando, aí começaram as brigas. Ao final já estávamos liberando o trânsito quando a briga começou. A Brigada Militar interferiu, foi feito um clamor público para solicitar nossa presença, fomos até o local para separarmos, dispersarmos eles dali. Foi aí que vieram garrafas em direção ao efetivo da Brigada Militar; muitas garrafas de vidro jogadas e arremessadas contra nós. Um desses jovens que havia saído do local voltou e veio com uma pedra na mão, a qual arremessou em direção a nosso efetivo, acertando em cheio o rosto do colega Soldado Martins, que ficou caído ao solo. Em uma ação rápida conseguimos prender o mesmo, que é uruguaio. Se um indivíduo comete uma ação dessas contra um policial militar, o que ele fará contra um inocente que se encontra sozinho na rua?”.

Capitã Karla Incerti, comandante do 1º Esquadrão da BM em Livramento

A violenta ação contra a polícia, no contexto da expressão “Nós vamos acabar com o planeta”, usada pelos gremistas nas finais da Libertadores, visando ao Mundial

“Posso dizer que se trata de uma expressão que instiga violência sim, porque implicitamente quando falamos em acabar com o planeta, como se acaba com o planeta? Com flores e carinho? Não existe, né! Acredito que isso tenha apenas contribuído”.
“Ratifico: se tornou um ponto de referência absolutamente negativo na nossa cidade. É um ponto de vandalismo. Sei que muitas pessoas acabam rechaçando esse tipo de afirmação, dizendo que ali é um ponto de diversão e que os jovens não têm local”.
“Esse jogo do Grêmio, que era para ser apenas alegria, acabou trazendo esse fato terrível à tona. Hoje choramos por dentro o estado de nosso soldado. Um servidor muito comprometido. Perde a comunidade santanense, mais um braço forte na rua no combate à criminalidade. Esse é o momento de pararmos, refletirmos e perguntarmos ‘o que queremos para nossa cidade’”.
“Hoje se a comunidade não estiver aliada à polícia e estiver ciente das necessidades e das mudanças que precisam acontecer, estamos caminhando para um caos”.

JORNAL A PLATEIA