Assassinato de PM em Dois Irmãos é investigado como latrocínio

17900756Arilson Silveira dos Santos estava à paisana e foi morto com tiro na nuca após impedir assalto

O primeiro sargento Arilson Silveira dos Santos, morto durante um assalto na cidade de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, na madrugada de sábado, é lembrando pelos amigos e familiares como simpático, atencioso e homem de princípios. Na manhã deste domingo, uma cerimônia que lotou a Igreja Matriz São Miguel, marcou a despedida ao policial. Após a missa, ele foi enterrado no Cemitério Católico São Miguel II com honras militares e em meio a muita comoção.

O crime é investigado como latrocínio (roubo seguido de morte), uma vez que os criminosos conseguiram levar alguns pertences das pessoas que estavam no bar, além de um carro, usado na fuga.

Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS

Santos foi morto aos 42 anos — dois antes de solicitar a reserva por tempo de serviço — com um tiro na nuca. Ele estava em um bar a poucas quadras de sua casa, no bairro Moinho Velho, quando três criminosos entraram no local anunciando o assalto. Desarmado e à paisana, o primeiro sargento conseguiu dominar um dos bandidos, tirando sua arma. Todos fugiram mas, quando o PM saiu do bar para verificar a situação na rua, foi atingido por um dos homens, que o esperava à espreita.

A Brigada Militar e a Polícia Civil conduzem investigações para identificar os suspeitos. Conforme o comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major João Ailton Iarushewski, o bar era monitorado por câmeras.

— Nosso setor de inteligência está trabalhando e já temos suspeitos para o crime. O quanto antes queremos identificar os criminosos — afirma.

Responsável pela investigação por parte da Polícia Civil, o delegado Tarcísio Kaltbach adianta que, nesta segunda-feira, serão ouvidas as pessoas presentes no bar no momento do crime. Uma perícia também foi feita no veículo usado pelos criminosos durante a fuga. O carro foi encontrado na Colônia Japonesa, em Ivoti.

— As digitais que estavam no veículo foram coletadas e agora esperamos o resultado para ver se são dos bandidos ou do proprietário do carro. Temos as imagens do bar, que estão sendo analisadas, e em alguns momentos mostram com nitidez o rosto dos indivíduos. Ao longo da semana vamos buscar mais imagens de câmeras próximas do local para saber de que forma eles chegaram lá.

Interino no comando da BM de Dois Irmãos desde a quinta-feira passada em substituição ao colega que saiu de licença-saúde, Santos morava na cidade desde os seus 15 anos. Ali construiu a carreira, casa, família. Ele deixou a esposa Cláudia e dois filhos de 15 e 18 anos, além da enteada e o filho dela, a quem considerava um neto. Atuante na comunidade não apenas pelo ofício, participava de entidades tradicionalistas e jogava em pelo menos três times de futebol.

— Nosso juramento termina com a frase “mesmo com o risco da própria vida”. E foi isso o que ele fez. Abriu mão de sua própria vida para defender os amigos que se encontravam em perigo, de forma muito heroica. Mesmo de folga, morreu defendendo a sociedade — comenta o major Ailton.

Mesmo os moradores que não eram tão próximos do primeiro-sargento fizeram questão de prestar suas homenagens durante a missa e o sepultamento. No sábado, no velório, milhares de pessoas compareceram à capela mortuária municipal.

— A gente sente não só pela perda de um ótimo policial, mas também porque ele era um cara muito bom. É uma perda e tanto — comenta o industriário Marcos Antônio Zahn, 45 anos, morador vizinho do bar, local do crime. Zahn foi acordado na madrugada do sábado ao ouvir dois disparos — um deles provocou a morte do primeiro-sargento.

O crime

O primeiro-sargento e cerca de dez pessoas estavam no bar localizado na Rua Frei Caneca jogando cartas, atividade rotineira do grupo de amigos. Por volta de 1h30min da madrugada de sábado, três homens entraram no local e anunciaram o assalto.

Santos, que estava desarmado e à paisana, prontamente reagiu. Ele conseguiu desarmar um dos bandidos, que fugiu para a rua junto dos comparsas. Após verificar que os amigos estavam bem, Santos saiu para ver se os criminosos já haviam deixado o local. Neste momento, um dos homens, que estava à espreita, disparou um tiro que lhe acertou a nuca.

Os três bandidos fugiram em um Prisma, roubado de um dos clientes do bar e que foi abandonado pouco depois, na Colônia Japonesa, em Ivoti. Santos foi socorrido pelos colegas da BM ao Postão 24 horas de Dois Irmãos, mas não resistiu ao ferimento.

ZERO HORA