Bombeiros independentes antes de julho

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Comandante dos Bombeiros ressalta a importância da autonomia para agilizar a gestão de pessoal e de estrutura (Deivid Dutra / A Razão)
Comandante dos Bombeiros ressalta a importância da autonomia para agilizar a gestão de pessoal e de estrutura (Deivid Dutra / A Razão)

Comandante dos Bombeiros acredita que déficit de pessoal pode ser resolvido em dez anos

Em visita a Santa Maria para participar de reunião da comissão técnica dos Bombeiros que analisa normas técnicas para a implementação da nova lei de prevenção de incêndio. o tenente-coronel Adriano Krukoski falou por alguns minutos com a reportagem, no salão do Hotel de Trânsito do Exército, na avenida Liberdade.

Para Krukoski, a separação dos Bombeiros da Brigada Militar, marcada para dia 2 de julho, pode ser antecipada. Tudo depende da regulamentação de três leis regulatórias que estão com o governador José Ivo Sartori e precisam ser aprovadas pela Assembleia Legislativa. “Se tudo der certo, antes de 2 de julho estaremos comemorando a separação”, disse o coronel.

O processo de separação dos bombeiros é a principal mudança na estrutura da segurança pública nos últimos anos no Estado. Os Bombeiros deixarão de pertencer aos quadros da Brigada Militar e terão orçamento e gestão próprias.

Atualmente, segundo o comandante, um dos principais desafios da categoria é não fechar os quartéis. “Temos convênios em que prefeituras não cumprem a sua parte e optamos por fechar unidades. Não temos condições de, sozinhos, manter essas estruturas”, fala Krukoski.

O tenente-coronel também acredita que o déficit de efetivo, que gira em torno de 50%, poderá ser resolvido em dez anos após a separação.

Sobre a prevenção de incêndios, o coronel explica que os Bombeiros são a força executiva. “Nos cabe cumprir a lei, vamos cumpri-la. É o que a comunidade pode nos cobrar. Damos sugestões – mas somos do executivo”, explica.

Entrevista com o comandante dos bombeiros

A Razão – Como está o processo de separação dos Bombeiros
Tenente-coronel Krukoski – Tivemos uma reunião como o governador Sartori quinta-feira passada, as leis par a regulamentação (Lei de fixação de efetivos, de organização básica e Lei de transição) estão prontas e foram entregues. Todas já ajustadas pelo governo – agora será encaminhada e precisa do aval da Assembleia Legislativa. Se tudo der certo antes de dois de julho estaremos comemorando a separação.
E a própria Brigada Militar nos apoia muito, entendendo que o melhor para a prestação de serviço à comunidade é a separação das categorias. Não houve nenhum problema nessa relação.
A BM é parceira, entende necessário outra instituição militar também forte. Hoje fala-se muito em desmilitarização, municipalização, que não vai trazer resultados positivos.

A Razão – E como fica o orçamento da categoria?
Krukoski – Já foi analisado pelo Governo. Haverá um enxugamento, que permitirá uma economia de 17 milhões anuais só devido a separação.
Um dos motivos da separação é que foi feito um estudo e se provou que recursos no tesouro livre do Estado o investimento nos Bombeiros foi zero. Não se investi em Bombeiros, tem que ter autonomia para ter esse investimento, independente do policiamento. Hoje, com a crise, vão se comprar viaturas de policiamento ou carro dos bombeiros?
Neste ano já temos um orçamento próprio – já gerimos horas extras, diárias. Este ano é de 4,5 milhões e meio. Antes era zero, melhorou. É pouco, mais melhorou.

A Razão – Com a separação, como fica o efetivo? Hoje é grande o déficit.
Krukoski – Existem inúmeros estudos, e dentro da lei de fixação de efetivo pede-se que a cada ano complete-se 10 % do efetivo faltante. Hoje temos 50% de defasagem, temos cerca de 2300, pedimos o recompletamento. Com isso, em dez anos poderíamos ter o quadro completo
Ano passado perdemos exatamente 200 homens, esse ano será mais. Esperamos a nomeação dos 500 já concursados. Conversamos com a tropa, mas chega um ponto que a gestão é pra não fechar quartel.

A Razão – Como está esse processo de manutenção dessas unidades?
Kukoski – Já fechamos alguns, quando o município não cumpre o convenio estamos fechando. Trabalhamos em lugares com três ou quatro homens para três ou mais municípios. Abrimos o quartel um dia e fecha dois. Isso não é técnico. Na região, por exemplo, foi fechado em Faxinal do Soturno em 2013. Fica inseguro.

A Razão – Os bombeiros estão preparados para a nova lei de prevenção?
Krukoski – Toda a lei de prevenção e calcada em resoluções técnicas dos Bombeiros. A lei só diz quais os itens que precisa ter. Extintor, por exemplo, mas não onde e como colocar. Essas resoluções são aprovadas por uma comissão técnica. É exatamente o que discutimos na reunião hoje, por exemplo. Mas estamos preparados, sempre. A separação também nos dará autonomia para essas discussões.

A Razão – A uma semana de completar três anos da Kiss, como vê hoje a prevenção?

Krukoski – A lei que tinha antes não era ruim. A nova evoluiu – mas isso tem um custo, cada sistema existente tem um custo. Mas somos o poder executivo, vamos cumprir a lei a risca. Vamos propor alterações. Na Kiss fomos questionados até sobre dois centímetros do posicionamento de um extintor. Tavão certo. Mas agora vamos cumpri tudo na Lei. Temos que ser rigorosos. E a sociedade deve ajudar, fiscalizando sempre.

A RAZÃO