Comandante regional da BM diz que Guarda Municipal é limitada para atuar como polícia

Mendonça disse que a Guarda Municipal, embora todos os esforços empreendidos, apresenta, ao seu ver, sérias limitações para atuar como polícia (Deivid Dutra / A Razão)
Mendonça disse que a Guarda Municipal, embora todos os esforços empreendidos, apresenta, ao seu ver, sérias limitações para atuar como polícia (Deivid Dutra / A Razão)

Coronel Worney afirma que não há como mascarar déficit do efetivo, defende Brigada Militar melhor aparelhada e com servidores valorizados

por A Razão

O comandante regional da Brigada Militar, o Coronel Worney Mendonça, diz que não recebeu por parte do Comando da Brigada Militar nenhum documento que exponha qual a proposta do secretário Wantuir Jacini em relação a uma possível integração nos trabalhos da Guarda Municipal com a Brigada Militar. “Assim, não posso me manifestar a respeito da proposta do Senhor Secretário. Tenho apenas um posicionamento pessoal. No que diz respeito à atuação da Guarda Municipal, entendendo que em Santa Maria somente as escolas municipais e os postos de saúde por si só representa uma demanda importante a ser absorvida. A Guarda Municipal, embora todos os esforços empreendidos, apresenta, ao meu ver, sérias limitações para atuar como polícia.

Ainda segundo o Coronel, a Brigada precisaria estar sim melhor aparelhada e, principalmente, com seus servidores mais valorizados. “Não há como mascarar o déficit de pessoal na BM. É de conhecimento público, pois já foi amplamente divulgado e também é sentido pela população, em especial nos municípios de menor porte. O déficit de efetivo nunca foi enfrentado como deveria ter sido ao longo de muitos anos, especialmente após 1997 com a mudança da legislação do Plano de carreira”, fala.

A Razão – Como vê a proposta do secretário Wantuir Jacini de integração nos trabalhos da Guarda Municipal com a Brigada Militar?

Coronel Worney – A integração é realizada dentro da competência e das limitações de cada Instituição. Não recebi por parte do Comando da Brigada Militar nenhum documento que exponha de forma clara qual a proposta, assim não posso me manifestar a respeito da proposta do Senhor Secretário.

Tenho apenas um posicionamento pessoal no que diz respeito à atuação da Guarda Municipal, entendendo que em Santa Maria somente as escolas municipais e os postos de saúde do município por si só representa uma demanda importante a ser absorvida pela Guarda.  A Guarda Municipal, embora todos os esforços empreendidos apresenta, ao meu ver, sérias limitações para atuar como polícia.

A Razão – A BM na região teria como realizar cursos para capacitação dos guardas municipais para atuarem no policiamento mais ostensivo, com guardas atuando com armas e realizando prisões?

Worney – A Brigada Militar na região possui um quadro de instrutores qualificados em todas as áreas e disciplinas dos cursos de formação e especialização da Brigada Militar. A realização de qualquer curso de capacitação aos guardas municipais depende de decisão do Comando da Brigada Militar em Porto Alegre resultante de convênio entre o Estado e Município com o devido ressarcimento aos instrutores.

A Razão – Sobre possível espelhamento de imagens das câmeras da Prefeitura e com a BM. Como está esse processo. A BM possui um Centro de Operações, ele pode ser usado conjuntamente com a guarda, por exemplo?

Worney – O espelhamento ainda está em tratativas. A BM possui uma sala de operações onde recebe ligações da comunidade através do telefone 190 e orienta providências ou despacha viatura para o atendimento da ocorrência. A situação atual não possibilita que seja utilizado conjuntamente.

A Razão – Há alguma preocupação de que o déficit de pessoal da BM poderia ser “mascarado” com a implantação da ideia do secretario Jacini?

Worney – Não há como mascarar o déficit de pessoal na BM. É de conhecimento público, pois já foi amplamente divulgado e também é sentido pela população, em especial nos municípios de menor porte. O déficit de efetivo nunca foi enfrentado como deveria ter sido ao longo de muitos anos, especialmente após 1997 com a mudança da legislação do Plano de carreira.

Não basta enfrentar o déficit apenas com inclusões, mas com incentivos atrativos para garantir a permanência dos atuais policiais militares. O recrutamento, a seleção, formação e a permanente qualificação profissional é um processo moroso e oneroso. É um investimento necessário, entretanto garantir incentivos para a permanência dos atuais policiais militares é fator preponderante, pois as inclusões nunca acompanham os números de policiais que deixam ativa ou migram para profissões mais vantajosas.

A Brigada sempre se orgulhou de estar presente nos 497 municípios do Estado e embora seja uma força policial estadual atua com forte vínculo em cada município. Considera-se a “Força da Comunidade”, pois, mesmo diante de todas as dificuldades procura estar presente em todos os momentos vividos pelas comunidades, seja nos infortúnios ou nas festividades, garantindo o Estado Democrático de Direito. É uma corporação que atua na prevenção com inúmeros programas e projetos sociais reconhecida além fronteiras de nosso Estado. Atende todo e qualquer tipo de ocorrência nas mais diversas comunidades, desde uma simples orientação ao enfrentamento dos mais perigosos criminosos. Minha posição é de que a Brigada deve ser valorizada e fortalecida em todos os seus segmentos. O município pode ajudar de forma supletiva.