Oscar Bessi: Os muitos bandidos parceiros na execução do Soldado Maysson

qwewPor Oscar Bessi Filho

O tempo passa. E nossa triste sociedade de injustiças repetidas segue inerte, imutável, amorfa.

O 2016 dos gaúchos deu seus primeiros passos na mesma trilha perversa de 2015: com mais um policial executado por criminosos. De forma covarde. Como outras tantas vítimas de outras outras tantas violências viveram dores extremas nestes apenas dois dias.

Tristeza! Tristeza! (ele estava ali apenas para ter seu merecido momento de festa…)

Mas a morte do Soldado Maysson Fagundes Anhanha da Silva, de apenas 27 anos, traz o retrato do absurdo que permitimos reinar ao nosso redor. Uma realidade onde alguém decide matar e, tranquilo, sem medo das consequências, vai lá e mata mesmo. Porque ele está se sentindo à vontade para matar, liberado para matar, autorizado para cometer este crime, para terminar com uma vida como quem chuta uma lata de cerveja na rua.

Maysson era apenas mais um jovem brasileiro das classes menos privilegiadas que optou por um trabalho honesto. Como outros tantos que morrem por aí, todos os dias.

Aliás, alguém prestou atenção nos ares de superioridade e razão do assassino da jovem Dóris, em São Francisco de Paula? Mesmo por motivo fútil, mesmo tendo terminado com uma vida, mesmo tendo arrasado uma família inteira, ele considera quem tem suas razões.

É assim. Acham graça. Debocham. Eles e outros por aí, com suas gravatas brilhantes.

Essas gravatas brilhantes de mentes opacas que não investem em educação, em inclusão, em dignidade do ser humano, que não respeitam sequer seus funcionários públicos e, muito menos, o seu povo. Mas devem estar com algum discurso de intolerância engatilhado, ou algum repasse de culpa estapafúrdio pronto para repassar a responsabilidade da verdadeira culpa.

Porque o assassino do Maysson estava livre mesmo após ter assassinado um inocente para roubar seu carro. Crime bárbaro que parecia não passar impune graças à ação imediata e precisa de policiais – entre eles, o Soldado Maysson. Parecia. Três dias depois, o ladrão e homicida já estava livre. Livre!

Sem pagar pelo que fez, sem ser encaminhado para alguma recuperação possível, sem ao menos uma avaliação sobre seu caso ou o seu ser. Nada Apenas livre. Jogado de volta ao mundo violento que o concebeu.

Para fazer o quê?

O que ele fez?

Assassinou o policial que o prendeu. E agora certamente será ícone entre os bandidos na cadeia, porque matou um policial. Talvez seja preso. Mas em breve estará solto outra vez. E aí matará mais inocentes, destruirá mais famílias, nada além. Previsível. Porque nada funciona.

Então, este bandido matou sozinho o Soldado Maysson?

Não. Quem permite esta bagunça legal em que vivemos submersos é assassino também!

Quem permite, quem elabora, quem estimula, quando deveria fazer leis mas gasta seu tempo apenas costurando conchavos,  quem usa, quem nela se locupleta, quem faz dela discursos rebuscados, quem dela se aproveita para construir castelos de mordomias sustentados por nós. Nós, povo!, nós, vítimas!

Todos estes reis de papel também são tão assassinos quanto quem apertou o gatilho.

Todos estes são tão frios e desumanos quanto este bandido quando nos condenam ao medo e à morte.

Esses criminosos não sorriem de graça.

Estão matando os jovens como Maysson. Estão fomentando a fábrica de bandidos.

dfr

Centenas de pessoas acompanham sepultamento de PM | Foto: Guilherme Testa
Centenas de pessoas acompanham sepultamento de PM | Foto: Guilherme Testa

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