POLÍCIA MONTADA – Regimento da Capital completa cem anos

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RPMNCriada no início do século XX, corporação fez a segurança de Getúlio Vargas na década de 1930

Depois de Santa Maria, Santana do Livramento e Passo Fundo, foi a vez de Porto Alegre formar um Regimento de Polícia Montada (RPMon). Esta história começou há 100 anos, mais precisamente em 25 de janeiro de 1916. Fundado com o nome de Escolta Presidencial, a unidade de cavalaria tinha a missão de guarnecer o Palácio Piratini e atuar nas manifestações do iní- cio do século XX. Em 1974, a corporação ganhou a denominação de 4? Regimento de Polícia Montada e, em 1985, passou a carregar oficialmente o nome do líder da Revolução Farroupilha – Regimento Bento Gonçalves. Para destacar as histórias desta unidade da Brigada Militar, uma cavalgada percorre o Interior desde a última sexta-feira e uma “cápsula do tempo” foi construída para guardar as memórias do centenário. A unidade de cavalaria, que já defendeu o RS em campos de batalha, atualmente foca-se no policiamento ostensivo, além de continuar realizando a guarda do Palácio Piratini. São diversos os motivos que fazem um policial militar ingressar no 4? RPMon. Um dos mais fortes é o contato com os cavalos. Atuam na unidade 228 servidores – 20% são mulheres – e 116 animais. Um cavalo serve a um único policial. “Cada cavalo é moldado ao seu cavaleiro e, da mesma forma, cada cavaleiro se molda ao seu cavalo. Não há nada mais ostensivo, na atividade de segurança pública, do que um policial militar montado”, afirma o major Cláudio de Azevedo Goggia, subcomandante do 4º RPMon. O cavalo só passa a outro policial no caso de aposentadoria do servidor que atua com o animal. Quando é a vez do cavalo encerrar as atividades, ele pode ser cedido ao policial. Foi este o caso de Natália Siqueira, há seis anos na unidade de cavalaria. “Trabalhei quatro anos com a mesma égua. Quando ela se aposentou, consegui autorização para levá-la comigo. A relação que se cria é muito forte”, conta. Segundo Goggia, o policial a cavalo equivale a sete policiais a pé. “O animal, por ser forte e rápido, permite um efeito psicológico e um poder repressivo grande”. Para o major Armim Hugo Müller Neto, comandante do regimento, é uma honra dirigir a unidade de cavalaria pela história que esta carrega.

ESCOLTA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

GTUCena histórica ao lado de Getúlio Vargas

? Na trajetória do 4? RPMon, um episódio ocorrido em 1930 é um dos mais lembrados pelos servidores. Este foi o ano em que Getúlio Vargas (C, na foto ao lado) assumiu a presidência da República. A posse do gaúcho foi acompanhada pela “Escolta Presidencial” (antigo nome do regimento) que fez a segurança no trem onde viajava Vargas, então “presidente” do Rio Grande do Sul. A viagem terminou no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Uma foto eternizou o momento histórico.

Exemplar do CP na cápsulaRPM

Uma “cápsula do tempo”, construída em frente ao prédio do 4? RPMon na avenida Coronel Aparício Borges será lacrada na segunda-feira, dia do centenário da corporação. O major Cláudio de Azevedo Goggia diz que serão guardados no compartimento fotos do comando e dos atuais servidores do regimento, cartas escritas por ex-comandantes, boletins em geral, e o Correio do Povo com a notícia do centenário da unidade. Do lado de fora, uma placa vai conter o pedido para que a cápsula seja aberta apenas em 2041. “Talvez grande parte do contingente de hoje já esteja na reserva, mas certamente vamos acompanhar este momento e relembraremos estes cem anos”. Uma cavalgada também homenageia a história centenária. Ela começou na sexta-feira, em Triunfo, em frente ao imóvel onde nasceu Bento Gonçalves, figura que dá nome ao regimento. Depois de passar por Charqueadas, Eldorado do Sul e Guaíba, os cavaleiros chegarão a Porto Alegre na manhã de segunda-feira. Na ocasião, haverá o lançamento do selo comemorativo dos Correios em homenagem ao centenário e à inauguração da imagem de um centauro (figura mitológica, metade homem, metade cavalo), uma obra artística assinada pelo sargento Dalton Rogério Gomes. A cápsula do tempo ficará sob escultura.

CORREIO DO POVO