Sem recursos, Jacini desabafa: “Não sei fazer milagre”

jaciniSecretário estadual de Segurança reconhece dificuldades do governo Sartori

Pressionado pelo aumento da violência no Estado, sob críticas generalizadas por não apresentar soluções para o policiamento ostensivo e, ainda, com boatos de que pode deixar o cargo em breve, o secretário da Segurança, Wantuir Jacini, desabafou em entrevista nesta quinta-feira: “Não sei fazer milagre. Sem dinheiro não posso fazer o que me propus”.

Ele fala ter feito um planejamento estratégico para o Estado, antes de assumir, comportando políticas e ações para a segurança. Mas não conseguiu implementá-las, por falta de recursos. “Até que nos primeiros seis meses conseguimos cumprir as metas. Mas, no segundo semestre, houve, sim, aumento da criminalidade”, admitiu pela primeira vez.

Jacini também comentou a possibilidade de um eventual substituto na pasta: “Pode pegar um profissional com a minha experiência ou outro que não tenha experiência alguma, vai ter um problema do mesmo tamanho. Se eu pudesse substituir os 3 mil policiais que se aposentaram, eu resolveria a segurança”, projetou. “Mas não há dinheiro.”

Para ele, os recursos são fundamentais. “Faço gestão de segurança há 25 anos. Não adianta ter políticas, se não tem dinheiro. Mas não seria só comigo, seria com outro. A questão não é um problema de gestão”, garantiu.

Integração com municípios

Por conta da “herança financeira”, ele salientou que existe muita conversa com o governo. “Mas como vou fazer se o governo não tem como atender?”, questionou. Jacini ressaltou iniciativas que não preveem grandes aportes de recursos que vêm sendo implementadas pela Pasta. Uma delas é a integração da rede de segurança dos municípios com a estadual. “O RS tem 136 municípios que fazem esforço de ação de segurança pública: Guarda municipal, vídeo-monitoramento ou fiscalização de trânsito”, citou. “Estamos construindo uma integração de todos esses municípios. Isso vai otimizar o esforço policial”, explicou o secretário.

“Um sujeito rouba carro na cidade A, que tem vídeo, foge para a cidade B, que também tem. Mas os policiais de uma cidade não sabem que o carro que passou na câmera de uma cidade é o roubado na outra”, exemplificou Jacini. “Mudar isso não depende de dinheiro e estamos desenvolvendo a política de integração. Está em estágio final e espero que em fevereiro possa apresentar a minuta com ajustes para publicar o projeto”, frisou.

“Roubo de veículos é epidemia”

Outra medida prevê o combate do roubo de veículos. “É uma epidemia que vem aumentando nos últimos dez anos”, reconheceu. Apenas nos três primeiros trimestres de 2015, 13.368 veículos foram roubados, enquanto outros 15.100, furtados – um total de 28.468. O número nesses nove meses se aproxima com o total de registros de 2005: 11.782 roubos de veículos e 19.025 furtos, 30.807 ao todo, de acordo com dados da SSP.

A estratégia para combater esse crime, conforme Jacini, se dá no âmbito administrativo: “Fizemos um decreto que regulamenta a lei estadual. Existem mais de 1,5 mil desmanches irregulares. Daremos um tratamento administrativo para enfrentar e acabar com a receptação ilegal de veículos”, prometeu.

 

Fonte:Luiz Augusto Kern/Correio do Povo