Assaltos tornam-se cada vez mais violentos

Titular da Defrec, delegado Ronaldo Coelho comentou sobre as estatísticas dos delitos em Rio Grande
Titular da Defrec, delegado Ronaldo Coelho comentou sobre as estatísticas dos delitos em Rio Grande

O número de assaltos a transporte coletivo e a pedestres tem oscilado neste ano. No primeiro caso, houve redução. Em janeiro deste ano, ocorreram sete registros, contra 24 registrados em janeiro do ano passado. Em fevereiro, a queda foi maior: de 112, em 2015, para no mesmo mês em 2016. Os roubos a pedestres que, em janeiro do ano passado, somaram-se 90, aumentaram, este ano, para 116 no primeiro mês do ano. Porém, na comparação entre fevereiro de 2015 e de 2016, registrou-se uma queda de 178 para 72. Mas, enquanto isso, a violência aumenta. Quase todos os assaltos são praticados com armas (revólveres, pistolas ou faca).

Até o ano passado, os assaltantes entravam nos coletivos e iam direto à roleta. Hoje, fazem verdadeiros arrastões e levam tudo de todos que estão no ônibus: motorista, cobrador e passageiros. E, para piorar, o crime é precedido de gritos, ameaças e, em casos mais graves, agressão.

Os assaltos a pedestres seguem a mesma ordem. Antes, levavam celular e, quando muito, o dinheiro. Hoje, estão deixando as vítimas praticamente nuas em plena rua. No caso das mulheres, além do próprio assalto, elas são submetidas a humilhações. Além dos pertences, os criminosos passam a apalpar seus corpos e rasgar as roupas. Aproveitando-se de um momento que, por si só, já é aterrorizante para as vítimas.

Objetos de alto valor

Rio Grande começou também a registrar casos de furtos em apartamentos e residências, onde a ação se concentra em levar apenas joias e eletrodomésticos de alto valor. Neste caso específico, não há arrombamento. Os criminosos abrem as portas com chave mixa, levam coisas de valor e saem, fechando novamente a porta. Geralmente, estudam antes para saber os horários em que a casa estará vazia. Por não ser considerado um crime violento, o criminoso não fica preso muito tempo.

Um passo à frente

Enquanto os ladrões proliferam, a polícia trabalha com um efetivo muito abaixo do mínimo necessário. E isso faz com que pareça que os criminosos estão sempre um passo à frente dos homens da lei. Mesmo assim, este ano, já foram presas 34 pessoas por roubo. Mas, nem todos permanecem presos. Também, porque não há mais espaço na penitenciária.

Revezamento em crimes

E neste universo de números está incluída uma boa parcela de menores, que também acabam sendo devolvidos às ruas por falta de vagas na Fase, em Pelotas, onde cerca de 80% das vagas já são preenchidas por adolescentes infratores do Rio Grande. Especificamente no caso dos menores, a polícia trabalha, hoje, em cima de um grupo determinado, nas imediações dos bairros Santa Rosa e Cohab IV, com aproximadamente 10 integrantes, com idade média de 16 anos, e que se revezam nos crimes.

A maioria deles já foi apreendida e liberada. Alguns têm, inclusive, envolvimento em estupro. Segundo informações policiais, estes só ficam apreendidos em casos graves, em que há envolvimento em latrocínio  e homicídios. Os demais, após soltos, voltam à vida de crimes.

Trabalho conforme a demanda

Em razão do baixo efetivo dos policiais, esses trabalham conforme a demanda. Recentemente, houve um acréscimo nos assaltos a taxistas e todo o trabalho foi concentrado em solucionar esses casos. Em seguida, os salões de cabeleireiros se tornaram alvos, a força policial voltou-se, então, para esses. “A gente trabalha por demanda. O crime que cresce muito é o que nos dedicamos mais”, ressalta o titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Ronaldo Coelho.

Além de combater os crimes conforme a demanda, os delitos em que a possibilidade de morte é maior são prioridade. “No assalto a comércio, por exemplo, o risco de ocorrer uma morte é grande. E a preocupação maior é a vida das pessoas. Por isso, temos que evitar o crime que possa levar à morte. Dessa forma, os crimes com armas de fogo são prioridades”, finaliza o delegado.

Por Anete Poll

Jornal Agora