Novos servidores devem ter treinamento na Acadepol
A ampliação da atuação das guardas municipais foi tema de encontro na semana passada, em Novo Hamburgo, organizado pela Associação de Secretários e Gestores Municipais de Segurança Pública do Estado (ASGMUSP). Na ocasião, um protocolo de intenções foi formulado e deverá ser entregue ao governo do Estado, propondo uma atuação mais ampla das guardas municipais gaúchas.
1 Possibilidade de as guardas municipais do RS terem acesso às informações da Brigada Militar e Polícia Civil para dar agilidade ao atendimento.
2 As guardas poderem recolher veículos em situação de roubo/furto, sem a necessidade de contatar a BM.
3 O terceiro ponto a ser apresentado ao secretário de Segurança Pública do RS, Wantuir Jacini, é a possibilidade de as guardas fazerem o atendimento em casos de acidentes de trânsito com lesões corporais, sem precisar acionar a Brigada Militar.

Canoas investe em vídeo-monitoramento e grupos de Whatsapp para combater violência
Marco Weissheimer
A Prefeitura de Canoas decidiu enfrentar a crise econômica e a falta de recursos disponíveis para a área da segurança investindo em inteligência, tecnologia e relação com a comunidade. Entre essas medidas, destacam-se a ampliação do sistema de vídeo-monitoramento, o fortalecimento da Guarda Municipal e a criação de grupos de Whatsapp reunindo moradores de diferentes bairros da cidade.
A decisão de ampliar o sistema de vídeo-monitoramento na cidade ocorreu em função dos bons resultados obtidos na diminuição da criminalidade desde que esse mecanismo foi adotado, em 2010. Nesta ampliação, a prefeitura inaugurou o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), um espaço com capacidade de abrigar mais equipamentos e monitorar as imagens captadas pelas quase 200 câmeras espalhadas hoje pelo município. O novo Centro, inaugurado dia 17 de fevereiro, recebeu investimentos de R$ 3,4 milhões. O prefeito Jairo Jorge defendeu o modelo, assinalando que as câmeras vêm auxiliando o trabalho de prevenção e de investigação da Polícia Civil, seguindo os conceitos centrais que embasam a política de segurança pública no município: inteligência, integração entre as forças policiais e desenvolvimento de projetos sociais.
A instalação das 56 novas câmeras atendeu a uma demanda definida pelo Orçamento Participativo 2014/2015, em sete microrregiões. Os 56 novos equipamentos são câmeras de alta definição que permitem qualidade superior de imagem, mesmo em maiores distâncias e com zoom acionado. A Prefeitura também está investindo na formação de 40 novos guardas municipais que estão recebendo treinamento para uso de armas de fogo. Segundo o secretário municipal de Segurança e Cidadania, Adriano Klafke, os novos guardas estão passando por um processo de qualificação bastante exigente. “O fato de passar a andar armada não implica que a Guarda Municipal assumirá um perfil de atendimento de ocorrências. O trabalho fundamental dela é na prevenção e na relação com a comunidade. A arma é para assegurar maior segurança para os agentes em situações de risco e só deverá ser utilizada como último recurso”.

Com a ampliação do sistema de videomonitoramento, além do acompanhamento das imagens e do fluxo do trânsito, o CICC também divulgará informações sobre a previsão climática local, além da interação entre grupos comunitários organizados nos bairros, através do WhatsApp. Segundo Klafke, com o monitoramento centralizado das informações é possível agilizar ações e estratégias para o atendimento das demandas, tanto de segurança pública como de outros serviços municipais. Os analistas de imagens estão conectados com a Guarda Municipal, Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal, além de outros órgãos municipais.
“Policiamento e desenvolvimento social são indissociáveis”
O secretário de Segurança e Cidadania de Canoas destaca que a atual gestão trabalha com a ideia de que não há contradição entre o trabalho de policiamento e controle da criminalidade com medidas na área social e de promoção da cidadania. Essas duas dimensões, na verdade, defende Adriano Klafke, são indissociáveis, especialmente em áreas onde há uma situação de maior vulnerabilidade à violência, que exigem do poder público ações não só de segurança, mas também de saúde, educação e assistência social.
A política de segurança que vem sendo implementada no município, assinala ainda o secretário, trabalha com ações de prevenção primária, que procuram evitar o ingresso de mais pessoas, principalmente de jovens, no ciclo da criminalidade, e ações de prevenção terciária destinadas a pessoas que já passaram pelo sistema penitenciário ou por medidas socioeducativas. Segundo levantamento realizado pela Prefeitura, no município de Canoas, cerca de 74% dos integrantes desse grupo tornam-se vítimas ou autores de violência letal. “Um de nossos principais objetivos é promover uma cultura de paz, interrompendo esse ciclo de violência e de criminalidade”, resume Klafke.
Grupos comunitários de Whatsapp
Essa política ganhou um importante reforço com o sistema de grupos de Whatsapp, que passaram a funcionar em diferentes comunidades. Essa experiência iniciou no final do primeiro semestre de 2015, quando a Prefeitura estimulou a criação desses grupos, primeiro no bairro São Luiz e depois em outros bairros como Fátima e Igara. Os grupos são gerenciados pelos próprios moradores e são acompanhados pelo Centro Integrado de Comando e Controle que acionam o policiamento para verificar os alertas feitos pelos moradores. Com o tempo, relata Adriano Klafke, esses grupos aumentaram a interação entre os próprios moradores dessas comunidades. “Pessoas que moravam muito próximas, mas não se conheciam, passaram a se relacionar. No bairro São Luiz, estimulamos que os moradores ocupassem a praça. Esse fortalecimento da vida comunitária é importante também para baixar o nível de tensão e medo da população”.
Novo foco nos Territórios da Paz
Em 2013, o programa dos Territórios da Paz sofreu um baque com o corte de recursos por parte do governo federal. O prefeito Jairo Jorge decidiu bancar a manutenção do projeto com uma reformulação que passou a focar as políticas da Prefeitura nos públicos mais vulneráveis à violência, como egressos do sistema prisional, parentes e amigos destes. Em sua nova fase, o programa foi organizado em torno de dois projetos: as Casas da Juventude e as Casas da Cidadania, localizadas nos bairros Matias Velho e Guajuviras. Há duas casas em cada um desses territórios, que prestam atendimento jurídico, psicossocial, de assistência social e capacitação. Segundo Adriano Klafke, entre 2010 e 2015, essas políticas foram responsáveis por mais de 90 mil atendimentos, entre serviços de assistência e programas de capacitação profissional e de promoção cultural. Esse trabalho, conclui o secretário, expressa o conceito central que orienta a política de segurança em Canoas. “A intervenção policial e as políticas de desenvolvimento social são indissociáveis para promover uma cultura de paz”.
SUL21