CANOAS: Guarda municipal terá armas ainda este ano

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1_guarda_municipal___paulo_pires__16_-1336256Novos servidores devem ter treinamento na Acadepol

Até o final do primeiro semestre deste ano será possível ver alguns guardas municipais portando armas em Canoas. A novidade garantirá uma atuação mais efetiva dos servidores, que poderão fazer abordagens que hoje são consideradas de risco. O secretário municipal de Segurança Pública e Cidadania, Adriano Klafke, explica que o último concurso para o cargo foi organizado de forma que os aprovados passassem por treinamento para usar armas de fogo. Atualmente, as equipes usam tasers – armas de eletrochoque.
Quem passou pela seleção fez curso teórico, organizado pela Fundação La Salle. A Secretaria de Segurança Pública de Canoas negocia com Polícia Civil treinamento prático na Academia de Polícia (Acadepol). São 38 novos servidores. Também irão receber treinamento 40 guardas municipais da ativa. Ao todo, Canoas tem atualmente 127 municipários neste cargo.
O secretário afirma que os novos tomarão posse após serem aprovados no teste de armamento e tiro. “Nossa aposta é que os guardas capacitados estejam nas ruas armados ainda no primeiro semestre de 2016”, diz. Conforme Adriano Klafke, o próximo passo é comprar o armamento. Ela acredita que tudo se resolva ainda no primeiro semestre deste ano e que os servidores da Guarda Municipal que estão sendo capacitados já saiam às ruas armados. “Isso mudará a abrangência da nossa atuação. Dependendo da situação, mesmo que a Guarda esteja mais próxima da ocorrência, é preciso chamar a Brigada Militar.”
Propostas para atuação mais ampla
A ampliação da atuação das guardas municipais foi tema de encontro na semana passada, em Novo Hamburgo, organizado pela Associação de Secretários e Gestores Municipais de Segurança Pública do Estado (ASGMUSP). Na ocasião, um protocolo de intenções foi formulado e deverá ser entregue ao governo do Estado, propondo uma atuação mais ampla das guardas municipais gaúchas.
A proposta é que as guardas tenham acesso ao sistema da Brigada Militar e Polícia Civil, além de atender ocorrências de recolhimento de veículos em furto e também a acidentes com feridos. Para Adriano Klafke, as estratégias são válidas, mas ele acha que o repasse imediato de alertas de roubos de veículos seria ainda mais interessante. “Temos um moderno centro de monitoramento e poderíamos localizar este veículo com bastante agilidade. Além da recuperação do bem, evitamos que seja usado em outros crimes”, pondera. O secretário considera um desperdício a estrutura do Centro Integrado de Comando e Controle não ter acesso a esses dados. “Esta sim seria uma medida operacional importante.”
Sugestões
1 Possibilidade de as guardas municipais do RS terem acesso às informações da Brigada Militar e Polícia Civil para dar agilidade ao atendimento.
2 As guardas poderem recolher veículos em situação de roubo/furto, sem a necessidade de contatar a BM.
3 O terceiro ponto a ser apresentado ao secretário de Segurança Pública do RS, Wantuir Jacini, é a possibilidade de as guardas fazerem o atendimento em casos de acidentes de trânsito com lesões corporais, sem precisar acionar a Brigada Militar.
DIÁRIO DE CANOAS
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Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) é um espaço com capacidade de monitorar as imagens captadas pelas quase 200 câmeras espalhadas hoje pelo município da Canoas. (Foto: Gustavo Garbino/Divulgação)

Canoas investe em vídeo-monitoramento e grupos de Whatsapp para combater violência

Marco Weissheimer

A Prefeitura de Canoas decidiu enfrentar a crise econômica e a falta de recursos disponíveis para a área da segurança investindo em inteligência, tecnologia e relação com a comunidade. Entre essas medidas, destacam-se a ampliação do sistema de vídeo-monitoramento, o fortalecimento da Guarda Municipal e a criação de grupos de Whatsapp reunindo moradores de diferentes bairros da cidade.

A decisão de ampliar o sistema de vídeo-monitoramento na cidade ocorreu em função dos bons resultados obtidos na diminuição da criminalidade desde que esse mecanismo foi adotado, em 2010. Nesta ampliação, a prefeitura inaugurou o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), um espaço com capacidade de abrigar mais equipamentos e monitorar as imagens captadas pelas quase 200 câmeras espalhadas hoje pelo município. O novo Centro, inaugurado dia 17 de fevereiro, recebeu investimentos de R$ 3,4 milhões. O prefeito Jairo Jorge defendeu o modelo, assinalando que as câmeras vêm auxiliando o trabalho de prevenção e de investigação da Polícia Civil, seguindo os conceitos centrais que embasam a política de segurança pública no município: inteligência, integração entre as forças policiais e desenvolvimento de projetos sociais.

A instalação das 56 novas câmeras atendeu a uma demanda definida pelo Orçamento Participativo 2014/2015, em sete microrregiões. Os 56 novos equipamentos são câmeras de alta definição que permitem qualidade superior de imagem, mesmo em maiores distâncias e com zoom acionado. A Prefeitura também está investindo na formação de 40 novos guardas municipais que estão recebendo treinamento para uso de armas de fogo. Segundo o secretário municipal de Segurança e Cidadania, Adriano Klafke, os novos guardas estão passando por um processo de qualificação bastante exigente. “O fato de passar a andar armada não implica que a Guarda Municipal assumirá um perfil de atendimento de ocorrências. O trabalho fundamental dela é na prevenção e na relação com a comunidade. A arma é para assegurar maior segurança para os agentes em situações de risco e só deverá ser utilizada como último recurso”.

Adriano Klafke: “A intervenção policial e as políticas de desenvolvimento social são indissociáveis para promover uma cultura de paz". (Foto: Divulgação/Prefeitura de Canoas)
Adriano Klafke: “Intervenção policial e políticas de desenvolvimento social são indissociáveis”. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Canoas)

Com a ampliação do sistema de videomonitoramento, além do acompanhamento das imagens e do fluxo do trânsito, o CICC também divulgará informações sobre a previsão climática local, além da interação entre grupos comunitários organizados nos bairros, através do WhatsApp.   Segundo Klafke, com o monitoramento centralizado das informações é possível agilizar ações e estratégias para o atendimento das demandas, tanto de segurança pública como de outros serviços municipais. Os analistas de imagens estão conectados com a Guarda Municipal, Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal, além de outros órgãos municipais.

“Policiamento e desenvolvimento social são indissociáveis”

O secretário de Segurança e Cidadania de Canoas destaca que a atual gestão trabalha com a ideia de que não há contradição entre o trabalho de policiamento e controle da criminalidade com medidas na área social e de promoção da cidadania. Essas duas dimensões, na verdade, defende Adriano Klafke, são indissociáveis, especialmente em áreas onde há uma situação de maior vulnerabilidade à violência, que exigem do poder público ações não só de segurança, mas também de saúde, educação e assistência social.

A política de segurança que vem sendo implementada no município, assinala ainda o secretário, trabalha com ações de prevenção primária, que procuram evitar o ingresso de mais pessoas, principalmente de jovens, no ciclo da criminalidade, e ações de prevenção terciária destinadas a pessoas que já passaram pelo sistema penitenciário ou por medidas socioeducativas. Segundo levantamento realizado pela Prefeitura, no município de Canoas, cerca de 74% dos integrantes desse grupo tornam-se vítimas ou autores de violência letal. “Um de nossos principais objetivos é promover uma cultura de paz, interrompendo esse ciclo de violência e de criminalidade”, resume Klafke.

Grupos comunitários de Whatsapp

Essa política ganhou um importante reforço com o sistema de grupos de Whatsapp, que passaram a funcionar em diferentes comunidades. Essa experiência iniciou no final do primeiro semestre de 2015, quando a Prefeitura estimulou a criação desses grupos, primeiro no bairro São Luiz e depois em outros bairros como Fátima e Igara. Os grupos são gerenciados pelos próprios moradores e são acompanhados pelo Centro Integrado de Comando e Controle que acionam o policiamento para verificar os alertas feitos pelos moradores. Com o tempo, relata Adriano Klafke, esses grupos aumentaram a interação entre os próprios moradores dessas comunidades. “Pessoas que moravam muito próximas, mas não se conheciam, passaram a se relacionar. No bairro São Luiz, estimulamos que os moradores ocupassem a praça. Esse fortalecimento da vida comunitária é importante também para baixar o nível de tensão e medo da população”.

Novo foco nos Territórios da Paz

Em 2013, o programa dos Territórios da Paz sofreu um baque com o corte de recursos por parte do governo federal. O prefeito Jairo Jorge decidiu bancar a manutenção do projeto com uma reformulação que passou a focar as políticas da Prefeitura nos públicos mais vulneráveis à violência, como egressos do sistema prisional, parentes e amigos destes. Em sua nova fase, o programa foi organizado em torno de dois projetos: as Casas da Juventude e as Casas da Cidadania, localizadas nos bairros Matias Velho e Guajuviras. Há duas casas em cada um desses territórios, que prestam atendimento jurídico, psicossocial, de assistência social e capacitação. Segundo Adriano Klafke, entre 2010 e 2015, essas políticas foram responsáveis por mais de 90 mil atendimentos, entre serviços de assistência e programas de capacitação profissional e de promoção cultural. Esse trabalho, conclui o secretário, expressa o conceito central que orienta a política de segurança em Canoas. “A intervenção policial e as políticas de desenvolvimento social são indissociáveis para promover uma cultura de paz”.

SUL21