Bala Perdida: rapidinhas do mundo policial

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Police lights by night

Por Oscar Bessi

Bala Perdida – Rapidinhas do mundo policial

1

Policiais têm medo de sua sociedade? Pergunto porque um deputado federal nordestino, certa feita, disse que ele tem medo da polícia. Ora, quem não vive sob a batuta da lei tem mais é que ter medo mesmo. Acontece com os bandidos comuns, por que seria diferente com os de terno e gravata? Mas minha pergunta reside no fato de que o inquérito policial sobre a atuação de policiais militares, em Porto Alegre, que resultaram na morte de um rapaz em determinado bairro da capital – e a morte gerou reação da comunidade, queimas de ônibus e lotações, etc. -, foi uma ação plenamente legal. Em legítima defesa. Entretanto, o crime do PM foi ter adulterado provas para tentar escapar, talvez, de uma condenação futura, e dos seus colegas de prestarem falso testemunho. Agora pensem: se um policial, mesmo tendo agido dentro da lei, em legítima defesa, entra numa estado de desespero com o resultado de seu trabalho e, com medo das consequências, tenta mudar uma situação – onde, repito, não estaria errado – isto acontece por que? Medo. Falta da confiança no sistema. Porque ele perderá seu emprego, será tratado como bandido, e como um bandido de um jeito que nem bandidos de carreira o são. Falta de confiança numa sociedade que condena sua polícia e seus integrantes sem chance de defesa. E que, depois, reclama do domínio da violência, das desfaçatez, arrogância e prepotência dos bandidos. Só mais uma triste fotografia neste álbum macabro da inversão de valores que vivemos.

2

Um veterano Cabo da PM paulista saía para pescar com seu filho adolescente, ao amanhecer, e parou no posto de gasolina para calibrar os pneus. Três bandidos armados se aproximaram e anunciaram o assalto. Ao perceber que era um PM que estava ali, um deles grita “é polícia, mata!”. O último gesto do Cabo foi um pedido desesperado para que seu filho corresse e se safasse. Foi executado brutalmente com três tiros na cabeça. Na frente do menino. Mas nenhuma passeata pediu o fim da violência por causa desta morte. Nenhuma.

3

Outra execução de policial em SP: um delegado ia colocar o lixo na rua, na frente da sua casa, quando bandidos o executaram a sangue frio. E se foram, tranquilos, como podem andar apenas aqueles que conseguem mandar nos seus passos por aí.

4

Os caras agora ameaçam com funk, música, mensagem via whats. Bandidos disseram que tocariam o horror em Gravataí e tocaram mesmo. As execuções prosseguem, a violência avança a níveis desesperadores. Enquanto isto, o governador dá de ombros, deixa o crime deitar e rolar, enfraquece o estado, não paga seus servidores e faz cara de quem acha isto muito engraçado.

5

Triste a declaração do Bispo francês Stanislas Lalanne, que afirmou que a pedofilia é um mal, mas que não saberia dizer se é um pecado. Bah, Bispo! Quer proteger também o padre bandido e estuprador, que seu colega cardeal está acobertando? Ora. Pelo menos seja mais respeitoso com as vítimas! Aí, todo o trabalho magnífico e humanitário do Papa Francisco vai pelo ralo.

6

Hoje tem o meu Xavante em campo. O favorito é o Grêmio, de longe. Mas…

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