Banco ofereceu R$ 1,2 bilhão para administrar os salários de servidores públicos estaduais até 2026
A oferta bilionária feita ontem pelo Banrisul ao governo gaúcho para controlar a folha do funcionalismo estadual até 2026 foi classificada de “golpe” pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS). Segundo a entidade, o banco gaúcho não dispõe de R$ 1,275 bilhão em caixa, como oferece, para ter direito a operar a folha de pagamento pelos próximos dez anos.
Conforme o diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha, o Palácio Piratini vai aplicar mais um “golpe” na sociedade gaúcha, mas dessa vez atingindo os acionistas e correntistas do Banrisul. De acordo com a entidade, o lucro do banco, nos últimos anos, se manteve na faixa de R$ 800 milhões. “De algum lugar esse dinheiro vai ter que sair. É óbvio que serão clientes e usuários do banco os pagadores dessa conta através do aumento das tarifas e taxas de juros”, sustenta Rocha.
A aquisição dos ativos vai ser feita em parcela única, segundo o Banrisul. Hoje, o banco já controla a folha do funcionalismo, mas sem contrapartida ao governo estadual. Conforme a Secretaria da Fazenda, o ingresso bilionário pode trazer fôlego para que o Piratini faça o pagamento do 13° salário do funcionalismo de 2015, já pago para os servidores que aceitaram fazer um empréstimo, no fim do ano.
O Piratini pretende concluir a transação ainda em junho. O negócio ainda precisa passar pelo crivo da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage), da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e da Secretaria da Fazenda. O governo não chegou a estipular um valor para renovação, mas ventilou a possibilidade de o banco administrar as contas por um prazo de cinco anos. Atualmente, há aproximadamente 347 mil contas vinculadas ao Poder Executivo, em um valor mensal estimado em R$ 1,3 bilhão.
Por meio de fato relevante, o Banrisul informou que o valor ainda pode sofrer ajuste em razão da variação da taxa Selic e das projeções de inflação, após os primeiros cinco anos de vigência do contrato.
Procurado hoje pela reportagem, o banco adiantou que não vai mais se manifestar sobre o tema.