OSCAR BESSI: Continência ao bem

13603529_1373873939295317_6053408118037417869_oPor Oscar Bessi

O assassinato a sangue frio do jovem soldado Luiz Carlos Gomes da Silva Filho da Brigada Militar comoveu o mundo. O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira, publicou no mesmo dia uma histórica e belíssima nota de pesar e desabafo. Ela está na íntegra em meu blog do Correio do Povo. O texto nos representa. É a voz firme e o pensamento de todos os bons policiais brasileiros. Porém, na velha mania de chutar contra o patrimônio, as palavras do comandante foram desviadas do foco, num olhar típico de quem leu e não entendeu. Em primeiro lugar, o coronel Alfeu jamais criticou os Direitos Humanos. Para quem não sabe, esta é disciplina obrigatória em todos os cursos de formação dos nossos policiais e uma das bases doutrinárias da Corporação. Sabemos exatamente o que é. Mais até do que alguns que tem medo, ou nojo, de povo, mas se dizem “militantes”. Aliás, aplausos a um deputado, que enviou imediata nota em apoio à Brigada Militar e à família do soldado morto. Histórico! Nosso policial não teme os Direitos Humanos e é seu defensor por excelência. Ruim é o julgamento dos oportunistas. Dos que usam o celular para jogar filmes em rede social, mas são incapazes de ajudar o próximo ao seu lado. É brabo ouvir quem jamais viveu um confronto ter sempre a mais brilhante crítica dos últimos cinco minutos. Ver que qualquer um se acha no direito de enfrentar a Polícia só pra aparecer. Saber que o conceito sobre se o policial agiu certo ou errado sai de meros modistas teóricos, insensíveis à dignidade e à situação da família desse policial, cujo sustento foi comprometido sem misericórdia. E que o criminoso ainda será liberado para cometer outro crime logo em seguida. Não faltam dedos em riste nesse papel fácil e patético de Torquemada das ações policiais. Mas faltam mãos lá, onde tudo pede ação e mudança. Onde agentes perdem sua vida pela vida de outros. E onde o povão, vítima de tudo, aplaude quem de fato se importa e o socorre: a Polícia. Na teoria e nos filmes é lindo: policiais sempre em equipe, viaturas brotando do nada. Mas quantas vezes nos deparamos com situações assim, sozinhos, até de folga? Aí falam mais alto a alma, o brio, a paixão pelo ofício. Sobre condições ideais de trabalho, sabemos que há muito anda ruim. Mas o coronel falou do apoio fundamental da sociedade ao policial que a defende. Não há! E sabemos: se o desfecho fosse inverso naquele mesmo vídeo, mil “especialistas” bradariam sobre truculência, um novo modelo de segurança e extinção da PM. Quem trabalha tranquilo num sistema assim? Coronel Alfeu Freitas e soldado Silva Filho: não só os brigadianos, mas toda a sociedade que sonha com dias de paz, nesta hora de dor e indignação, lhes rende homenagem e continência.

CORREIO DO POVO