Dois meses após seu nascimento, policiais conheceram a criança

Foi quando o marido teve a ideia de chamar a mãe. Experiente, Cleonice Colla nem pensou duas vezes. Ligou para o Samu, entretanto acabou sendo informada que não havia nenhuma ambulância disponível no momento. E foi aí que ela pensou: “Vamos chamar os homem.” “Eu sabia que a Brigada Militar não iria negar nos ajudar. Era isso ou eu tinha que sair correndo pela vizinhança para tentar acordar alguém”, recorda.
Ao ligar para o 190, Cleonice ouviu a voz do outro lado da linha dizer que uma viatura estaria no local em apenas cinco minutos. “A primeira coisa que eu disse é que não era trote”, brinca.
Pois não demorou nem cinco minutos para uma viatura encostar na frente da casa. Flávia e o marido entraram na viatura que, em poucos minutos, chegou a emergência do Hospital Padre Jeremias. A pequena Sofia Fragoso Colla nasceria pouco tempo depois, em um parto sem qualquer complicação. “A Sofia nem imagina que os dois anjos que levaram ela para o hospital carregavam armas na cintura”, comentou Cleonice.
Encontro marcado dois meses após o nascimento

Cleonice está coberta de razão. Pelo menos foi o que disseram os soldados Thiago Jhonatan Marques e Gledson Rodrigues, que, exatamente, dois meses depois do nascimento, marcaram o primeiro encontro com a menina. “As pessoas acham que a Brigada Militar tem só que perseguir e prender bandidos”, comentou Marques. “Mas na verdade a Brigada está na rua para ajudar a população no que for necessário”, destacou. “Estávamos na Avenida José Brambila quando fomos chamados naquela noite. E garanto que não havia nada mais necessário que levar esta mãe rapidamente ao hospital.”
Conforme lembra o soldado Gledson, a viatura correu muito para chegar com rapidez à Granja. Chegando lá, os PMs conduziram a mãe até o carro e se deslocaram em velocidade para o Padre Jeremias. “Ela disse que as contrações aconteciam de dez em dez minutos”, recorda. “Mas de repente começou a gemer e percebemos que o estágio era mais avançado”, conta o PM, que, enquanto falava, se emocionou ao segurar a criança. “Ainda não sou pai, mas sei que não existe nada melhor.”
Flávia sequer imaginava, mas ela estava em muito boas mãos. É que o soldado Marques tem formação como técnico em enfermagem e o soldado Gledson é casado com uma enfermeira que trabalha em uma maternidade. “Nós viemos colocando as luvas, prontos para realizar o parto, caso fosse necessário”, confirma Marques. “É claro que no hospital eles têm todos os recursos à disposição, porém temos certeza que se a Sofia tivesse que nascer em casa, faríamos o parto”, completou Gledson.
Saiba mais
Apesar da luta constante contra criminosos, não é pequeno o número de ocorrências que a Brigada Militar atende em seu dia a dia e que não têm relação nenhuma com a prisão de bandidos. Em alguns casos, os PMs têm que agir ora como médicos, ora como psicólogos, ora como amigos. Isso dito pelos próprios militares que ajudaram a trazer a Sofia ao mundo. “Às vezes, tem gente que chama a Brigada só para ser ouvida”, contou Marques.
CORREIO DE GRAVATAI