Sozinha e de folga, brigadiana evita roubo a malote na ERS-122, em Farroupilha

"Só sabia que precisava ajudar aquelas pessoas", relembra a policial militar Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS
“Só sabia que precisava ajudar aquelas pessoas”, relembra a policial militar
Foto: Marcelo Casagrande / Agencia RBS

Soldado de 29 anos parou ônibus que estava e enfrentou assaltantes

ZERO HORA

O comprometimento de uma policial militar evitou um assalto na ERS-122, em Farroupilha, na noite de domingo. Apesar de estar de folga, a soldado de 29 anos não hesitou em parar o ônibus em que estava para ajudar. Houve troca de tiros e os assaltantes fugiram sem roubar nada. Parabenizada por dezenas de colegas nesta segunda-feira, a brigadiana confessa que a ficha não caiu.

— Está tudo muito estranho. São diversas mensagens, inclusive de colegas de outras cidades. Não assimilei o que aconteceu ainda. Para mim, foi algo normal. Não senti que fiz nada diferente do que o meu dever — afirma a policial que, por questão de segurança, prefere não ser identificada.

A tentativa de assalto ocorreu por volta das 21h30min, próximo à localidade de Nova Milano. O ônibus intermunicipal em que ela estava seguia para Caxias do Sul. A brigadiana estava na cabine junto ao motorista quando percebeu a perseguição na rodovia.

— Um Renault de cor preta e um Focus pressionaram uma Eco Sport e a jogaram para fora da pista. Inicialmente, pensei que fosse um acidente de trânsito. Pedi para o motorista parar e desembarquei com arma em punho, conforme o treinamento que tive quando trabalhei como policial rodoviária — conta.

Os momentos seguintes foram rápidos e intensos, conforme relembra a policial:

— A EcoSport estava tombada e eu consegui ver um encapuzado e dois jovens, além do motorista. No Focus, deviam ter outros dois. Eu gritei “Polícia!” para tentar afastar eles. Eles atiraram. Eu atirei em resposta e voltei para ônibus, onde gritei para todos se abaixarem e se protegerem. Aí, chamei reforço pelo rádio — relata.

Os bandidos fugiram com o Renault e o Focus, que podem ser fruto de crimes. Em Caxias do Sul, por exemplo, o setor de inteligência da Brigada Militar (BM) contabiliza o roubo de um Megane recentemente. A suspeita é que a perseguição contra a EcoSport onde estavam dois empresários tenha sido planejada com informações privilegiadas, já que as vítimas carregavam um malote com dinheiro.

“Quando vemos a necessidade, precisamos agir”

A soldado do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) confessa que nunca tinha vivido uma situação parecida. Apesar disso, garante que estava preparada e não hesitou em agir.

— É o sentimento de quem  é policial. Quando vemos a necessidade, precisamos agir. É algo que não tem explicação. Na hora, não pensei na minha proteção. Só sabia que precisava ajudar aquelas pessoas. Hoje é que está caindo a ficha de como a situação era complicada — recorda a  brigadiana.

Naquele momento, a policial estava fardada e seguia para assumir o plantão em Caxias do Sul, a partir da meia-noite. Seu comprometimento em ajudar ao próximo foi elogiado pelo tenente Silvano Castro Pereira, coordenador do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp).

— O brigadiano tem este dever incutido e quer sempre agir. Claro que somos treinados para usar a técnica policial. Precisamos avaliar diversas questões, como a proximidade e pessoas que possam se ferir. Felizmente, a policial tomou boas decisões. É um exemplo que, neste momento de crise, estimula os demais colegas — exalta.