Violência: números que só crescem

Santa Maria já contabiliza 32 homicídios. Ano passado foi o mais violento da história da cidade, com 55 assassinatos (Deivid Dutra / A Razão)
Santa Maria já contabiliza 32 homicídios. Ano passado foi o mais violento da história da cidade, com 55 assassinatos (Deivid Dutra / A Razão)

2015 foi o ano mais violento em santa maria, tanto em homicídios como em roubos

por Maurício Araújo A RAZÃO

Os números da violência em Santa Maria não param de subir ano a ano. Desde 2011, o número de homicídios só cresce na cidade. Este ano, o município já contabilizou 32 mortes violentas. Em 2015 foram 55 assassinatos durante todo o ano.

Visando renovar os dados, o Ministério Público do Rio Grande do Sul atualizou o Mapa Social das cidades gaúchas. O documento é uma ferramenta com a finalidade de mostrar o panorama social dos municípios do Estado. Entre as temáticas destacadas está o da segurança pública. Este tópico compreende os índices de violência, que, na atualidade, é um dos assuntos que mais preocupam a população. Os dados não são nada animadores em Santa Maria, visto o crescimento de roubos e de homicídios _ sendo o ano passado o mais violento da história da cidade. Os dados são correspondentes a 2015.

O relatório baseia-se nas ocorrências criminais, por tipo de delito, divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública. Conforme os dados, no ano passado foram registradas 7,8 mil ocorrências criminais em Santa Maria.

De acordo com o Mapa Social, são 6,87 ocorrências de crimes violentos por mil habitantes no município, colocando Santa Maria na 23ª posição no ranking das cidades gaúchas. A líder neste tópico é a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Ela é seguida por Alvorada e Cachoeirinha. São compreendidos como crimes violentos o homicídio doloso, homicídio doloso de trânsito, latrocínio, roubo, roubo de veículo e extorsão mediante sequestro.

AUMENTO DE HOMICÍDIOS

Em 2015 a Secretaria contabilizou 53 homicídios dolosos em Santa Maria e dois latrocínios, sendo o ano mais violento da história da cidade. Nos últimos cinco anos, os números nunca diminuiram.
Até julho de 2016, Santa Maria já registrou 32 homicídios _ sendo três latrocínios. O caso que mais tem repercutido nas últimas semanas foi o latrocínio envolvendo a Relações Públicas Shelli Vidoto, 27 anos, assassinada no dia 8 de julho.

ROUBOS E FURTOS

Existe diferença entre roubos e furtos. Se um ladrão tomar algo de alguém sem ter contato com esta pessoa, configura-se como furto. Já se houver contato, violência ou até mesmo ameaça, então fica estabelecido o roubo. Os assaltos se enquadram neste segundo ponto.

Em relação ao ranking por tipo de ocorrência, os furtos no município estão no topo da tabela, apesar de estarem decaindo há três anos. Em 2013 foram 5,1 mil casos contra os 4,5 mil de 2015 (incluído os furtos a veículos).

Na contramão estão os roubos. Desde 2012 os números estão subindo. Naquele ano foram 784. No ano passado a Secretaria registrou 1.841 (junto com os roubos a veículos). O número mais que duplicou em quatro anos. Outro dado que chamou atenção foi o de estelionatos. Foram 558 casos registrados.

Os dados, conforme o relatório, foram extraídos da fonte em março deste ano.

São necessárias políticas públicas

Conforme o coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã (Nusec) da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, a violência nas médias e grandes cidades não cresceu somente de forma quantitativa, mas, também, qualitativa, com meios mais violentos e letais. Para ele, vários fatores explicam esse crescimento e as soluções precisam ser pensadas coletivamente entre municípios, Estados e União.

O professor cita a falta de políticas estruturadas de segurança, com projetos e ações. “Reduziu-se as diferenças socioeconômicas no país, mas a lacuna da violência não foi revista”, explica. Outro ponto destacado são as políticas sobre drogas, em que o tráfico e suas disputas fomentam a letalidade e o crescimento dos crimes.

Outras situações que acrescem os índices, cita Pazinato, passam pela circulação de armas de fogo e a política nacional do sistema penitenciário. “Muitas armas entram no mercado ilegal, e isso impacta nos crimes. Já o sistema penitenciário é gerido por facções criminosas”, argumenta.

O professor acredita que é preciso uma nova abordagem, com políticas públicas de promoção dos direitos e medidas de prevenção à violência. Para ele, apesar de algumas medidas estarem sendo adotadas, elas ainda são fragmentadas. “É preciso um plano nacional, estadual e municipal, com gestões articuladas e unidas no combate à violência. Esse é um desafio também para a sociedade, pois deve ser um tema levado à agenda pública, tornando-o efetivamente central”, conclui.