Novo secretário de segurança deve ser definido em um mês, diz vice-governador do Rio Grande do Sul

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20868058José Paulo Dornelles Cairoli afirmou que o governo ainda “está trabalhando” nas ações que serão tomadas com a vinda da Força Nacional

O vice-governador José Paulo Dornelles Cairoli afirmou, na manhã desta sexta-feira, que o novo secretário de Segurança do Estado deve ser definido em um mês. Durante 30 dias, a pasta será comandada por um comitê formado na noite de quinta-feira, depois que Wantuir Jacini pediu exoneração do cargo.

As ações que serão tomadas pelo comitê, no entanto, não foram definidas pelo vice-governador. Cairoli, que tem uma função de comando no grupo, apenas afirmou que o governo está trabalhando com as propostas para a área.

— Não podemos, em um prazo de 10 horas, apresentar tudo o que vai ser feito. O projeto não pode ser solto — disse o vice-governador.

Jacini deixou o cargo após o assassinato de uma mulher no bairro Higienópolis, quando ela iria buscar o filho no Colégio Dom Bosco.

Na manhã desta sexta-feira, o governador José Ivo Sartori viajou a Brasília para pedir apoio da Força Nacional de Segurança para exercer a guarda externa de presídios no Rio Grande do Sul. O reforço liberará os cerca de 400 policiais que atualmente trabalham no sistema prisional para o serviço de patrulhamento das ruas.

Sobre o aumento da violência, Cairoli apenas relatou que “não interessam números, interessam as almas” perdidas para a violência.

ZERO HORA

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Os dois sindicatos que representam as maiores categorias de policiais do Estado cobram alterações nas políticas de governo e nas políticas de segurança pública no Rio Grande do Sul. Para o presidente da Abamf, associação que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar, a alteração do cenário de crise na segurança passa por novas estratégias de policiamento. Leonel Lucas aponta que é preciso que o próximo secretário da pasta, que ingressará no lugar de Wantuir Jacini, tenha força para enfrentar a cúpula de governo. Ele ainda sugere pedido de reforço do governo federal no policiamento de fronteiras, através da PF e PRF, e não o chamamento da Força Nacional de Segurança.

“A Abamf pensa que ter que ter estratégia, tecnologia, informação e inteligência. A primeira coisa é que nós tenhamos um secretário que conheça a área e que consiga enfrentar o governo do Estado. Não adianta ser mais uma ‘rainha da Inglaterra’. Precisamos de um especialista que tenha vínculo com o governo. Precisamos hoje que o governador, que está em Brasília, não trazer a Força Nacional, mas fazer os órgãos da União como PF e PRF tragam mais efetivo ao Estado para trancar as fronteiras. A Força Nacional não é a solução”, diz Lucas.

Já Isaac Ortiz, representante das mais numerosas categorias da Polícia Civil, diz que a troca de comando na Segurança Pública não é o suficiente, sendo preciso acabar com o contingenciando de gastos. Além disso, o presidente da Ugeirm Sindicato destaca que a segurança pública não se faz só com polícia, sendo preciso investir em políticas sociais.

“Não adianta trocar o secretário se não trocar essa política perversa do governo do PMDB que está ceifando a vida de gaúchos. As viaturas da Polícia Civil e da Brigada sumiram das ruas. Primeiro, (é preciso) não contingenciar as verbas da Segurança Pública. O governador tem que entender também que a Segurança Pública não se faz só com polícia. Ele tem que atuar nessas áreas de conflito, levar o estado para essas áreas. Levar educação, saúde… Ele não tem nenhuma política social dentro dessas comunidades”, argumenta Ortiz.

O representante de escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil do Estado ainda fez uma forte crítica ao fato do vice-governador do Estado ter assumido o Gabinete de Crise da Segurança Pública.

“Tem uma força-tarefa praticamente cuidando das fazendas do (vice-governador do Estado José Paulo) Cairoli, com a Farsul e os amigos dele lá. Desmontar delegacia de homídio para fazer força-tarefa para cuidar de gado gordo. Tudo bem, é abigeato, mas nós temos que cuidar das vidas agora. Esse que está assumindo a crise priorizou os gados gordos dele”, criticou.

O sindicalista também critica a alternativa do governador de buscar a Força Nacional como medida emergencial para auxiliar na segurança dos presídios.

Fonte:Gabriel Jacobsen/Rádio Guaíba