Rádio Guaíba: Mesmo com pressão do governo, brigadianos e policiais civis garantem paralisação a partir das 6h desta quinta

19263475Professores e outros servidores também devem parar, mas transporte e serviços devem funcionar normalmente

Apesar do esforço do governo do Estado em minimizar a paralisação anunciada para amanhã por policiais civis e militares, associações de classe mantêm o movimento e orientam a população a evitar sair às ruas, na Capital e Interior do Estado. Brigadianos de nível médio se reuniram, no início da tarde desta quarta, para traçar estratégias em cada região. As entidades organizadoras já orientaram os PMs a cruzar os braços das 6h até as 21h desta quinta-feira.

O secretário-geral da Abamf (Associação de Cabos e Soldados), Ricardo Agra, defende que a categoria tem amparo para deixar de trabalhar, já que o governador José Ivo Sartori (PMDB) está deixando de cumprir a legislação com o atraso dos salários. “As nossas famílias, policiais militares da reserva e os que estão de folga também vão se juntar ao protesto. Temos um amparo porque o comandante em chefe da Brigada Militar é o governador do Estado e ele está descumprindo a lei. Então, o efetivo não tem obrigação de cumprir”, reforça.

Para evitar punições por desobediência militar, a tendência é de que os policiais contem com apoio dos familiares para protestos que podem provocar o aquartelamento. No ano passado, também em função do parcelamento de salários, esposas de brigadianos bloquearam a saída de batalhões para justificar a não saída dos militares para o policiamento.

Outro argumento dos PMs para não sair às ruas, sustentado pela legislação, é a falta de equipamentos como coletes balísticos, munição e até coturnos. Conforme a entidade, muitos militares estaduais adquirem os materiais com dinheiro próprio. Para amanhã, eles foram orientados a não usar itens pessoais. Ainda, qualquer problema em viaturas deve ser usado como motivo para desfalcar o policiamento. A Associação dos Oficiais da BM (ASOFBM) já manifestou apoio à mobilização dos praças e orientou os superiores a também trabalharem apenas em condições ideais, com o efetivo disponível.

Na Polícia Civil, o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores (Ugeirm) confirmou participar da paralisação, enquanto os delegados se reúnem às 18h para definir orientações à categoria. As atividades já vêm sendo reduzidas desde a última sexta-feira, quando os policiais militares e civis iniciaram operação-padrão em protesto contra os salários parcelados de julho.

Reflexos da paralisação

Outras categorias de servidores públicos do Estado também devem aderir à paralisação durante a quinta-feira, em protesto contra o governo e sob a alegação de insegurança. O Cpers orienta os professores e alunos a não irem às escolas. Os turnos já vêm sendo reduzidos desde a segunda-feira devido ao parcelamento das remunerações.

No transporte público de Porto Alegre e da Região Metropolitana, não há qualquer tipo de paralisação prevista, nem pelo sindicato oficial e nem por movimentos dissidentes de trabalhadores. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sandro Abade, ainda ressaltou que o movimento do ano passado não teve qualquer impacto na segurança dos motoristas, cobradores e passageiros.

O comércio e serviços também devem abrir normalmente, com cautela recomendada por entidades como o Sindilojas. Em relação aos bancos, o Sindbancários pediu à Justiça do Trabalho que as agências sejam fechadas por risco de policiamento reduzido. A decisão deve ser divulgada hoje à tarde.

Fonte:Bibiana Borba/Rádio Guaíba