Um pedestre é assaltado a cada 20 minutos em Porto Alegre

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19268756De janeiro até julho foram 16.724 assaltos, segundo balanço da BM

Do bairro mais rico ao mais pobre é difícil caminhar por Porto Alegre e encontrar um pedestre que ainda não tenha sido assaltado ou que não tenha um familiar vítima de roubo nas ruas da cidade. Os números que envolvem assaltos a pedestres nos sete primeiros meses de 2016 na capital são alarmantes. Dados da Brigada Militar obtidos pela Rádio Gaúcha apontam para um assalto a cada 20 minutos.

De janeiro até julho foram 16.724 assaltos na Capital, segundo o balanço da BM. São 2.389 por assaltos mês. Em um dia, com base nos dados, ocorreram 79 assaltos a pedestres em Porto Alegre.

A agrônoma Milena Zambiasi foi vítima duas vezes. Em um dos assaltos, na avenida João Pessoa, próximo da UFRGS, ela teve uma faca apontada pelo pescoço.

“Ele me segurou pelo braço, colocou a faca perto do pescoço. Arrancou minha mochila e saiu correndo. Mandou eu entregar senão iria me furar. Na segunda vez, eu e uma amiga estávamos perto do Beira-Rio, em um carnaval de rua, e quatro caras nos abordaram, mostraram a arma e pediram para passar o celular”, contou.

O administrador de empresas Márcio Ferraz também foi roubado no meio da rua, no bairro Jardim Leopoldina. Com as roupas roubadas, teve que voltar para casa somente de cuecas.

“Foi constrangedor. Estávamos em uma esquina, eu e meus amigos. Eles chegaram armados com facas e pegaram quase toda roupa que eu tinha ganho recentemente da minha mãe. Chinelo novo, bermuda nova, camisa nova. Voltei de lá até minha casa de cuecas”, lembrou ele.

A área onde mais ocorrem assaltos a pedestres pertence ao 9º BPM da Brigada Militar, que abrange, além das ilhas do Guaíba, 15 bairros da área central, como Cidade Baixa, Menino Deus, Centro, Azenha e Bom Fim. Nos sete meses ocorreram 5,9 mil crimes desse tipo. Só no mês de março, por exemplo, foram mais de mil assaltos a pedestres na área de abrangência do batalhão.

Por outro lado, por ser em uma zona menos povoada, a área de atuação do 21º BPM, na zona sul, é o que menos tem este tipo de crime. No mês passado foram 75 assaltos a pedestres nos bairros da zona sul monitorados pelo batalhão contra 732 na área do 9º BPM.

O especialista em segurança, Guatavo Caleffi, lembra algumas orientações básicas para que o pedestre diminua a chance de ser assaltado.

“A maioria dos fatos ocorre por duas razões: o efeito surpresa e a força. Como as pessoas andam cada vez mais com telefones, com fones de ouvido, em redes sociais, elas estão menos atentas e o delinquente se vale disso. O principal mecanismo para prevenir é a atenção. Não deixar suspeitos se aproximarem. Se você perceber algo estranho deve manter uma distância. Para as mulheres é bom ressaltar que elas devem utilizar a bolsa sempre na frente do corpo. Homens utilizarem a carteira no bolso da frente. Qualquer objeto de valor é atrativo. Celulares de última geração, relógios de marca, jóias. Infelizmente, com a situação atual, temos que ter a noção que determinados objetos não podemos usar nas ruas”, explica Gustavo Caleffi.

Ter mais cuidado, como parar de ouvir música na rua, foi a medida adotada pela aposentada Olga Vieira. Ela foi assaltada duas vezes no bairro Menino Deus.

“Eu adoro escutar música. Só que infelizmente não dá mais. Eles vão ver que você está com fone e vão saber que também está com um celular. Nos dois assaltos queriam levar meu celular. Em um eu falei que não tinha e o moço acreditou. No outro, eles me abordaram, pediram o celular e como ele estava na minha mão, tive que entregar”, contou ela.

A solução para estancar o problema seria mais policiais nas ruas. A prova disso é que os números de junho e julho caíram em relação a janeiro, fevereiro, março, abril e maio. De acordo com a Brigada Militar, a queda tem ocorrido por causa da operação Avante, que realiza barreiras e já prendeu centenas de criminosos.

Só que as prisões esbarram em outro problema. Com presídios lotados e por muitos casos serem crimes de pequeno porte, assaltantes acabam retornando rapidamente para as ruas e voltam a cometer delitos.

GAÚCHA