OSCAR BESSI: O dever e as emoções

Por Oscar Bessi Correio do Povo

Nesta semana turbulenta, a esmagadora maioria dos policiais gaúchos dedicou horas intermináveis combatendo o crime. Os dias que antecedem o período festivo são sempre assim. Como uma corrida do ouro naqueles filmes de velho oeste. Oc rime se arma, se equipa e se reforça, graças a benevolente legislação brasileira, que não olha currículo e propensões de bandidos violentos ao prever indultos e etc. Em meio  a isto tudo, o pacote do governo do Estado e suas consequências, no mínimo, questionáveis para boa parte da população. Puramente ideológicas numa concepção gestora da coisa pública. O pior de tudo é ver confrontos de povo contra povo. Recebi pelas redes sociais oque seria o depoimento de um soldado da Brigada Militar. Ele diz o seguinte: “Há três dias que ouço ‘larga o escudo, estamos do mesmo lado’. Isso antes de perder a paciência antecedendo um mundo de palavras de baixo calão, me chamando de porco, soldadinho do Sartori e por aí vai. Segunda-feira, às 6h, recebemos a seguinte ordem: ‘Do outro lado das proteções estão professores, policiais e funcionários do Estado em geral. Deixem que se manifestem, deixem que gritem, estão gritando por nós também. Mas saibam que nossa missão é garantir e preservar a ordem pública, fazendo que ocorra a votação do pacote que, infelizmente, poderá nos prejudicar. Mas estamos aqui fazendo o nosso papel legal, portanto só reagiremos mediante ordem e em caso de os manifestantes ofenderem nossa integridade ou desrespeitaram orientações passadas, como respeitar o cordão de isolamento”. Ele completa: “Falam tanto que os militares são ditadores e, por ironia da vida, aqui estamos nós, policiais militares, trabalhando há três dias por dezesseis horas, debaixo de sol, sendo a única instituição que, mesmo contrariada, faz com que a democracia impere, porque até onde sei democracia não é o que queremos, e sim oque uma maioria escolheu. Querendo ou não, fomos nós que elegemos nossos algozes ou salvadores. Estamos fazendo o possível para que não haja confronto, para não resmungar e mandar longe quem nos chama de burros por não estarmos em greve, quando essas pessoas inteligentes não conhecem o artigo 142, parágrafo 3?,inciso IV da Constituição Federal, que nos proíbe expressamente de fazer greve, ou o artigo 301 do Código Penal Militar (CPM), sobre o crime de desobediência, com pena de até seis meses de prisão. Ora bolas, eu tenho família, curso faculdade, não posso me dar ao luxo de ser preso por tentar ser um revolucionário de meia tigela”. O depoimento encerra dizendo que há mais de um ano ele é torturado todo final de mês, eque por mais de um ano fica a ver navios sobre seu direito ao 13? salário. Que vai cumprir sua função e apoia as manifestações, mas jamais a violência. Pensem na sua mensagem. Não é o Natal que sonhamos. Agora, haverá novas chances de eleger quem faça diferente com seu povo, basta não vacilar de novo.