Temer desiste de enviar projeto sobre greve e fará apenas sugestões

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Presidente ressaltou que a decisão não tinha “nada a ver” com a crise de segurança no Espírito Santo

por Eduardo Barretto O GLOBO

BRASÍLIA – Apesar de anunciar que enviaria ao Congresso um projeto de lei que regulamentasse o direito à greve, o presidente Michel Temer fará apenas “sugestões” a um projeto já existente no Senado. De autoria do Aloysio Nunes (PSDB-SP) e com relatoria de Romero Jucá (PMDB-RR), o projeto é de 2011 e está paralisado há oito meses.

Quando disse que enviaria o projeto, nesta segunda-feira, Temer ressaltou que a decisão não tinha “nada a ver” com a crise de segurança no Espírito Santo. Por conta de greve de policiais militares há dez dias, mais de 140 pessoas foram mortas e o número de homens e mulheres das Forças Armadas no estado passa de 3 mil.

Temer só se pronunciou sobre a onda de violência capixaba depois de sete dias, chamando a greve de “inaceitável”. De acordo com a Constituição Federal, polícias não podem fazer greve.

— Embora haja muitos projetos correndo pelo Congresso Nacional, nós vamos adicionar mais um projeto para que possa ser examinado pelo Congresso Nacional — havia dito Temer nesta segunda-feira, antes de recuar. Ainda não há prazo para essas “sugestões” serem anexadas ao projeto do Senado.

A crise na segurança começou em janeiro, com matança em presídios. Temer ficou quatro dias em silêncio completo após o massacre no presídio de Manaus, o primeiro deles, que deixou 56 presos barbaramente assassinados. Quando se pronunciou, chamou a matança de “acidente”.