ZERO HORA: Pela primeira vez, Governo Sartori terá mais ingressos do que saídas de policiais em um ano

Com anúncio de chamada de concurso, Segurança Pública deve ter incremento de 2,2 mil servidores em 2017

Por: Eduardo Torres

É possível que pela primeira vez no governo José Ivo Sartori a balança entre os policiais que ingressam e que se aposentam no Estado feche o ano com saldo positivo. Na manhã de ontem, foi anunciada a convocação da terceira e última leva dos concursados aprovados em 2013 para Brigada Militar (BM), Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e quadro de saúde da BM. Ao todo, serão 683 novos agentes com a perspectiva de que sejam chamados até o final do mês.

— A partir daí, em seis meses já teremos os primeiros agentes dessa turma atuando nas ruas. Nossa meta é zerar o déficit criado pelas aposentadorias nos últimos anos — afirma o secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer.

A perspectiva é de que pelo menos 1.240 policiais militares e 260 policiais civis se aposentem até o final deste ano. Com o anúncio de ontem, serão 2.226 ingressando em 2017 na área da segurança pública. Ainda assim, nos três anos de governo, considerando apenas a BM e a Polícia Civil (a lei que fixa o efetivo dos Bombeiros, autônomos desde o ano passado, ainda não foi aprovada), o déficit entre entradas e saídas será de 62,9%.

A maior parcela de novos policiais será destinada à BM — 421 policiais militares (PMs) que se juntarão aos 1.060 já em fase final de treinamento entre os batalhões do Rio Grande do Sul.

Segundo o subcomandante geral da corporação, coronel Mario Ikeda, ainda não foi definida a destinação do novo efetivo. Os policiais cuja formação será concluída em julho fazem, atualmente, treinamentos em Porto Alegre, Montenegro, Canoas e Osório, mas também não tiveram definidos seus destinos pós-formatura.

Na Polícia Civil, os 217 novos policiais que se formaram em fevereiro foram lotados, principalmente, na Capital e na Região Metropolitana. Mais de 50% dos 223 agentes da turma que conclui a preparação em junho deve ser lotada no Interior. Os 141 chamados agora ainda não tem destino estabelecido.

— Depende de outros fatores. Primeiro, ocorre o procedimento de remoção interna, no qual o pessoal antigo pode se candidatar e trocar de comarca — explicou o chefe de polícia, Emerson Wendt.

A investigação de crimes contra a vida continua prioridade. Mas Wendt espera que os delitos de roubo tenham mais elucidação com o reforço deste ano.

Nos Bombeiros, ainda não foram escolhidos os locais onde os 101 servidores que serão convocados irão atuar – há outros 247 agentes já em formação.

— Minha perspectiva é de que se consiga parar de fechar quartéis. Temos deficiências tanto na prevenção quanto no combate ao fogo e um déficit de pessoal de 50%. Esse reforço vai nos dar algum fôlego. Ainda não é o ideal, mas já é alguma coisa — afirma o comandante-geral dos Bombeiros, coronel Adriano Krukoski Ferreira.

A estimativa é de que os novos bombeiros cubram menos de 15% do necessário para equilibrar as ações no Estado.

500 PMs reformados voltarão à ativa

Se o reforço anunciado ontem só deve começar a ser visto nas ruas no final do ano, outra parcela de (nem tão) novos policiais poderá entrar em ação no próximo mês.

Foi autorizada pelo governo a contratação de 500 PMs aposentados para reforçar a segurança em escolas, em operação de videomonitoramento e nos serviços administrativos da BM. Eles farão parte do Corpo de Voluntários Militares Inativos (CVMI), com remuneração de R$ 2,4 mil além das aposentadorias.

Conforme Schirmer, a BM está em fase final de seleção dos interessados em preencher as vagas. Depois de selecionados — o que deve acontecer até o final de abril –, eles passarão por pelo menos 15 dias de reciclagem.

— Acredito que em maio já teremos esses policiais de volta à ativa ajudando na sensação de segurança das nossas cidades — diz o secretário.

O retorno dos aposentados estava previsto desde o segundo semestre do ano passado.

Nova seleção, só depois do pacote

O anúncio de ontem foi também oportunidade para o governador pressionar a Assembleia Legislativa pela aprovação dos itens do pacote de medidas que aguardam votação desde o final do ano passado. Ele condicionou novos investimentos em pessoal para a segurança pública à aceitação das medidas.

— A segurança é uma prioridade do nosso governo, foi a única secretaria que teve acréscimo de 19% no orçamento, mas as nossas contas não estão adequadas às receitas — resumiu José Ivo Sartori.

A pretensão, segundo ele, é abrir novo concurso para policiais logo que os 683 agentes sejam convocados. Mas a expectativa é chamar os aprovados do futuro certame já sob novo regime.

Entre as medidas propostas pelo Piratini está a mudança nas regras de aposentadoria da Brigada Militar (BM). Atualmente, oficiais se aposentam compulsoriamente aos 54 anos, e praças, aos 59. Ou ainda, com 30 anos de serviços prestados. Pela proposta, a regra mudaria para 60 e 65 anos, respectivamente.

— É uma medida que não beneficiará o meu governo, mas muitos outros que virão pela frente — justifica Sartori.

O pacote também prevê enxugar o número de departamentos na Secretaria da Segurança Pública (SSP). Conforme o governador, as propostas reduziriam o impacto financeiro das entradas de novos agentes.