ZERO HORA: Sem dinheiro, governo abre 4,5 mil vagas para segurança pública

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Em julho, a Brigada Militar formou 1.018 novos soldados
Marcelo Kervalt / Agência RBS

Não há previsão de quantidade e nem de data para nomeação dos aprovados

Foi aberto, nesta terça-feira (31), o prazo de inscrições para as 4,5 mil vagas oferecidas pela Brigada Militar e pelo Corpo de Bombeiros a pessoas entre 18 e 25 anos com Ensino Médio completo. O concurso  integra os 6,1 mil postos de trabalho prometidos pelo governador José Ivo Sartori em 4 de julho e anunciados como “o maior concurso na área da segurança pública nas últimas décadas”. Cento e seis das 1,5 mil vagas restantes serão destinadas ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), cuja seleção está em andamento. As demais reforçarão a Polícia Civil, mas não há data para lançamento do edital.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), “não é possível definir a data para o chamamento, pois é necessário que o concurso passe por todas as fases, obedeça aos prazos de recurso e seja homologado”. Ainda de acordo com a pasta, a quantidade de aprovados a ingressar na corporação “será apresentada pelo governo do Estado no momento oportuno”.

O certame aberto oferece salário de R$ 3.760,54, com jornada de trabalho de 40 horas semanais. No caso da BM, serão 4,1 mil aprovados para atividades de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Outras 450 serão para prevenção e combate a incêndios.

Especialista em finanças públicas, Darcy Carvalho dos Santos é cético quanto à nomeação dos aprovados a curto e médio prazos, sobretudo diante das dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado.

— Não há dinheiro nem para pagar os que estão trabalhando hoje — pontua.

Conforme a Secretaria Estadual da Fazenda, cada soldado custa, em média, R$ 5.230,00 por mês ao governo. Caso 50% dos aprovados sejam chamados, a folha de pagamento inflaria em R$ 12 milhões. Em outubro, a Brigada Militar gastou com pessoal R$ 372,3 milhões. A Fazenda explica que na proposta orçamentária para 2018, o item Segurança prevê incremento de 16% nas despesas. Já a SSP lembra que o Piratini está em vias de aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, “o que poderá mudar o quadro das finanças estaduais”.

Santos, rebate:

— O incremento e esse acordo com a União são para cobrir os gastos que já existem — comenta.

O economista da Fundação de Economia e Estatísticas (FEE) Liderau dos Santos Marques Júnior acredita que o governo esteja se baseando em uma possível retomada da economia que levará à elevação da arrecadação nos próximos anos para ter lançado o concurso. Ou, ainda, esteja trabalhando com um banco de cadastro reserva.

Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, especialista em Segurança Pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, elogia o lançamento do certame, ainda que a origem da verba para nomeação dos aprovados não esteja clara.

— O fato é que há carência de efetivo porque o governo demorou muito para olhar para a segurança pública. Deixou chegar nesta situação de degradação e agora começou a tomar iniciativas. Esse concurso é uma ação que vai nesta direção.

Requisitos

– Os candidatos devem ter Carteira Nacional de Habilitação classificada no mínimo na categoria “B”, estar em dia com as obrigações eleitorais, ter bons antecedentes e sindicância da vida pregressa.

– Candidatos homens devem ter altura mínima de 1m65cm e mulheres, 1m60cm.

– O concurso também reserva 16% das vagas a pessoas negras ou pardas, mediante assinatura de termo de autodeclaração.

– As inscrições se estendem até 20 de novembro no site da Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (Fundatec).

– O candidato precisa se cadastrar e preencher o formulário eletrônico de inscrição.

– A taxa é de R$ 80.

– A prova objetiva acontece em 17 de dezembro nos municípios de Porto Alegre e/ou Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, Novo Hamburgo e São Leopoldo.

– Na sequência, em datas a serem divulgadas, serão realizados os exame de saúde, de capacitação física e exame psicológico.