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ZERO HORA: Efeito Bolsonaro nas perseguições policiais

Criminosos fazem cordão humano durante assalto a agências bancárias e lotérica em Ibiraiaras — Foto: Julio Cesar Stella/Arquivo pessoal

O jornalista, fazendo uso de parte que lhe interessa da ocorrência, pois ignora o fato do horror causado aquela comunidade, ignora que os assaltantes tinham colocado gasolina no gerente, na clara intenção de matá-lo, ignora que a ação da BM acabou com uma quadrilha que com certeza faria outras vítimas inocentes em outros assaltos se este fosse bem sucedido. Resta saber se a comoção do Jornalista é pela morte do Inocente ou pela morte dos seis ”suspeitos”, termo carinhoso do editorial de ZH para bandidos .

Os 11 mortos em tiroteios com a BM em dois dias mostram que PMs aprovam o recado de atirar em quem está armado

Em dois dias a Brigada Militar matou 10. Seis deles em Ibiraiaras, todos envolvidos no duplo assalto a banco que traumatizou aquela pequena cidade do Estado. Outros quatro foram mortos em perseguição em Arroio dos Ratos. Conforme descrição dos PMs, estavam armados (cinco armas foram apreendidas com eles) e se preparavam para assaltar uma agência bancária. Podem ser 11 os mortos, me aguardem.

Era esperado isso, após a eleição de um candidato presidencial cuja marca registrada é o gesto com as mãos de atirar. Não demorou. A população apoia. Votou nesse tipo de atitude. Os policiais gostam, se consideram valorizados.

O recado do presidente eleito Jair Bolsonaro, antes e depois de se eleger, é claro: criminoso armado é para ser enfrentado. Mais explícito ainda foi o governador eleito do Rio de Janeiro, o ex-juiz Wilson Witzel, bolsonarista, que cogita dar medalhas para atiradores de elite (snipers) que possam “abater” bandidos que ostentam fuzis — um cenário cotidiano no RJ.

Voltando ao RS, a BM agiu exemplarmente ao se antecipar aos assaltos, em Ibiraiaras e, ao que parece, também em Arroio dos Ratos. O problema – pois é, jornalista sempre pensando em problema, sem tempo para comemorar — é que atirar para matar pode trazer riscos indesejados. É o caso do 11º morto em tiroteio com a BM em dois dias. É o refém levado pelos ladrões no assalto a banco em Ibiraiaras. Não somei ele, propositalmente, aos 10 da contabilidade inicial porque não se sabe se os tiros que mataram o bancário foram disparados por policiais ou pelos bandidos. O certo é que ele tinha nome (Rodrigo Mocelin da Silva), era benquisto, nada fez de ruim e sangrou até morrer, no porta-malas de um carro em fuga.

É correta a troca de tiros quando se sabe que há reféns no carro dos bandidos? As academias policiais ensinam que não. A Justiça pode responsabilizar quem atirou. Mas muita gente boa parece tolerar esse risco. O importante é ver criminoso morto. Mesmo com possibilidade de efeito colateral – no caso, a vida de um inocente.

LINK DA NOTICIA: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/humberto-trezzi/noticia/2018/12/efeito-bolsonaro-nas-perseguicoes-policiais-cjpb11ty40iyc01pisoxbzq18.html