Criação de novos batalhões deve impactar destinação de efetivo para o interior

Ao menos 220 policiais irão compor os novos Batalhões de Choque que serão criados em Caxias do Sul e Pelotas, além daqueles que irão reforçar a unidade de Passo Fundo

por ADRIANO DAL CHIAVON  por NATHAN SCHULTZ

O Governo do Estado lançou na segunda-feira (15) diversas ações que visam propiciar mais segurança aos gaúchos. No evento realizado na Assembleia Legislativa em Porto Alegre, também se comemorou os 120 dias do Programa RS Seguro. Entre as principais medidas anunciadas está a criação de dois novos Batalhões de Choque no Estado, nas cidades de Caxias do Sul e Pelotas. Os dois novos batalhões irão se juntar as unidades já existentes em Porto Alegre, Passo Fundo e Santa Maria.

Cada novo batalhão contará com 110 policiais, oriundos das turmas que irão se formar no próximo mês. Inclusive, por conta disso, o funcionamento dos dois novos Batalhões de Choque é previsto para iniciar em agosto.

Diante desse anúncio, a região e os pequenos municípios do Estado poderão ser impactados de forma negativa, já que dos novos soldados, pelo menos, 220 já possuem destino garantido nos dois novos batalhões. Essa realidade pode afetar a destinação de efetivo para cidades como Carazinho e demais municípios menores pelo interior.

Novos batalhões visam combater criminalidade organizada

Conforme explica o Comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo Planalto (CRPO/Planalto), com sede em Passo Fundo, Tenente Coronel Ricardo Alex Hoffman, o que levou o Estado a anunciar a criação dos novos batalhões em Caxias do Sul e Pelotas é a formação de quadrilhas organizadas nessas regiões, que resultou no aumento da criminalidade.

Inclusive, no anúncio efetuado pelo Executivo estadual na segunda-feira, foram definidas 18 cidades consideradas prioritárias para a área de segurança pública pelo Governo gaúcho, sendo elas: Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Tramandaí e Viamão.

A estratégia é que tenhamos tropas especiais, bem treinadas, bem armadas e em condições de fazer um enfrentamento dessa criminalidade, que está um pouco diferente de outrora. Então, a criação de mais dois Batalhões de Choque faz com que tenhamos, ao todo, cinco batalhões no Estado e, com isso, que possamos ter uma ação estratégica e com policiais mais preparados para esse tipo de enfrentamento. Além disso, com as novas unidades, os Batalhões de Choque estarão presentes em todos os cantos do Estado e haverá uma maior mobilidade dessas equipes especiais – detalha o Ten. Cel. Hoffman.

Foto: Gustavo Mansur Governo do Estado l Divulgação

De acordo com o Comandante do CRPO/Planalto, o Batalhão de Choque passo-fundense viajava muito e chegava a atender cidades como Caxias do Sul e até mesmo Porto Alegre. “Com a criação desses batalhões, teremos uma atuação mais próxima nos municípios da Região Planalto e Norte do Estado”, afirma o Coronel.

Em relação ao impacto na destinação de efetivo para o interior, Hoffman acredita que a criação dos batalhões poderá causar alguma interferência, mas não detalha qual o tamanho dela. “Nós ainda estamos na expectativa de saber qual a classificação dos novos soldados. Por conta disso, não sabemos quantos cada município receberá”, relata o comandante Hoffman.

O militar ainda informa que o Batalhão de Choque de Passo Fundo receberá reforço de efetivo, já que a unidade atua com defasagem de policiais. Mas, para esse reforço, a expectativa é de que policiais já experientes e que estavam em outras regiões, possam retornar para assumir as funções na unidade especial. No entanto, onde haverá retirada de policiais, os novos serão alocados, o que pode impactar, ainda mais, na destinação de efetivo para o interior.

Demais medidas anunciadas pelo Governo do Estado

Além da criação dos novos batalhões, entre as medidas anunciadas pelo Governo do Estado estão uma maior integralização entre Brigada Militar e Polícia Civil e expansão no uso de tecnologias, como videomonitoramento e acompanhamentos estatísticos. Também será aumentado o número que ocorrências que poderão ser registradas online e melhorada a ferramenta de acesso ao registro de fatos pela internet.

Entre as medidas anunciadas, o sistema prisional também será contemplado. Uma das principais estratégias é aumentar o número de vagas em presídios. Para isso, estão previstas ampliações em casas prisionais e construções de novos módulos femininos. Na região, o Presídio Regional de Passo Fundo deverá ser ampliado e a cidade também deve contar com uma penitenciária feminina.

Para seguir com a redução dos índices de criminalidade (já que no primeiro semestre deste ano houve redução nos casos de crimes graves no RS), o Governo do Estado também prevê realizar ações sociais preventivas em escolas e bairros das 18 cidades consideradas prioritárias na segurança pública. Os espaços já foram mapeados e irão envolver diversas secretarias, órgãos municipais e demais entidades.

As medidas na área de segurança ainda preveem incentivo para a formação das APACs, parcerias entre poder público, iniciativa privada e sociedade para o gerenciamento de presídios, e a efetivação da possibilidade de empresas abaterem impostos em troca de financiamentos de ações na área de segurança, nos mesmos moldes como funcionam as leis de incentivo à Cultura.

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