
Limpeza gera polêmica
Alunos soldados começarão segunda feira e já foram colocados no serviço de jardinagem, porém a medida foi criticada
CÍNTIA MARCHI
U ma turma de 207 futuros policiais militares iniciam, na segunda-feira, o curso de formação para atuar no policiamento ostensivo e nos Bombeiros. Antes das aulas, eles trabalharam ontem na limpeza do pátio da Academia de Polícia Militar. A manutenção do quartel é rotina da corporação e, segundo o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas Moreira, supre uma carência de profissionais da área de jardinagem. No entanto, não há lei que prevê a obrigação dos militares terem de executar serviços do tipo. “Isso é fruto de uma cultura equivocada que se perpetua no Brasil. Não há previsão legal nenhuma”, diz o professor de Direito Administrativo da Fundação Escola Superior do Ministério Público e doutor em Direito Público, Yuri Schneider. O professor defende que a função não cabe àqueles que estão em treinamento. “Colocar estes alunos na jardinagem serve apenas para ofender a dignidade da pessoa que fez o concurso para ser policial. O tempo de formação serve para que eles saibam usar arma, fazer o policiamento ostensivo, conter tumultos, para que, mais tarde, a própria sociedade não sofra com isso”, observa. O comandante da Brigada Militar explica que é a própria corporação que ajuda a manter sua estrutura. “Todos os policiais militares colaboram. Claro que o foco são as aulas, mas eventualmente todos podem ajudar”, destaca. Freitas lembra ainda que os alunos receberão mais de 1,5 mil horas de aula em nove meses.
CORREIO DO POVO