Governador disse que “se não tiver dinheiro, não tem como pagar”
Com as fontes de financiamento do déficit do Estado esgotadas pelo governo Tarso Genro nos últimos quatro anos, o governador José Ivo Sartori admitiu pela primeira vez a possibilidade de atrasar salários de servidores. Em almoço com jornalistas, o peemedebista disse que se mantém cauteloso sobre essa possibilidade para evitar uma crise política.
— (O atraso) Não é algo que esteja no horizonte imediato, mas pode acontecer daqui um mês, dois, três. Vai depender dos resultados que a gente obtiver com as nossas medidas. Vai chegar uma hora em que vamos ter de decidir. Se não tiver dinheiro, não tem como pagar — afirmou.
O governador também afirmou que está preparado para enfrentar as consequências do atraso de pagamento e que a situação do Estado precisará “receber alguma atenção do governo federal”. Sartori afirmou que o combate à crise financeira necessita do envolvimento de toda a sociedade e confirmou que pedirá auxílio às administrações do Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública para cortar gastos. O peemedebista não quis detalhar qual será a cota de sacrifício cobrada de cada órgão, mas disse que as conversas começarão na próxima semana.
Sartori avaliou o impacto do decreto que cortou pagamentos atrasados, editado em janeiro, e pediu a compreensão dos setores prejudicados.
— Os hospitais estão reclamando, mas o que foi cortado é o que ficou para trás. De janeiro em diante está sendo pago. Não é só o governo que tem de fazer gestão. Todos têm de se adaptar — explicou.
Cauteloso sobre os detalhes das medidas impopulares que o seu governo adotará nas próximas semanas, o governador deu a entender que elas serão amargas ao citar como exemplo a sua relação com os eleitores. Sartori contou que, no fim de semana passado, foi assediado por dezenas de pessoas na beira da praia de Torres:
— É bom aproveitar agora, porque daqui a seis meses ninguém vai querer tirar foto. O estouro vem aí.
ZERO HORA