NESTE COMEÇO DO ANO, oito pessoas já morreram em ações da BM na Região Metropolitana. Em 2014, média foi inferior a quatro casos por mês. Levantamento aponta crescimento desde 2012
Para o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar, Leonel Lucas, o número deixa claro que “atualmente o PM vive no fio da navalha”. Conforme levantamento da associação, há um déficit de 14 mil PMs no Estado. Só no ano passado, mais de 200 policiais abandonaram a BM.
– Pode ser aplaudido por trocar tiros e acabar matando um assaltante, mas e quando errar o tiro? E quando a ação não der certo e ele é que for morto? – alerta.
POLÍCIA BRASILEIRA ESTÁ ENTRE AS MAIS VIOLENTAS
Em janeiro, já foi registrada a metade dos casos de mortes provocadas por policiais em 2012. E o dobro da média mensal observada no ano passado, quando 47 pessoas foram mortas em ações policiais em serviço ou à paisana. No ano passado, um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que a polícia brasileira está entre as mais violentas do mundo. Em números absolutos, o Rio Grande do Sul não figura entre os lugares mais preocupantes, mas o saldo médio no país de mortes em ações policiais é de cinco pessoas assassinadas pela polícia para cada policial morto. Desde 2012, 11 policiais foram assassinados na Região Metropolitana. Uma relação de oito para um.
Para o subcomandante da BM, coronel Paulo Stocker, não há motivo para alarme. O oficial acredita que o aumento de confrontos e, consequentemente, de mortes, é resultado do maior armamento e violência dos criminosos:
– Não significa que a polícia está mais violenta. Quem determina se o PM vai sacar a sua arma é a ação do bandido, e o emprego da força se dá dentro da lei. Se ele resiste ou confronta um policial, a reação precisa ser imediata, essa é a orientação que damos ao nosso efetivo.
Todos os casos registrados em 2015 estão sendo apurados pela Corregedoria da BM, mas somente sobre a morte do torcedor Maicon Doglas Lima, 16 anos, no último domingo, em São Leopoldo, ainda resta a suspeita de que tenha sido uma possível ação equivocada dos policiais em serviço.
O corregedor-geral da BM, coronel Jairo de Oliveira, afirma que cada caso é analisado individualmente, mas salienta que um tiroteio pode ser resultado de despreparo ou de excesso de preparo:
– Na maioria dos casos que tenho verificado, o preparo dos nossos policiais está a contento. Não há registros de balas perdidas disparadas por PMs em ação.
Segundo Stocker, a cada ano, todo soldado é submetido a 10 dias de reciclagem.
EDUARDO TORRES