José Ivo Sartori foi vaiado em alguns momentos
A Caravana da Transparência, que esteve nesta terça-feira (31) em Santa Maria, foi marcada por manifestações. A caravana, que vai passar por nove cidades do Rio Grande do Sul e que tem como objetivo explicar a situação financeira do Estado, estava marcada para começar as 16h, mas as atividades só se iniciaram de fato quando o governador Sartori chegou ao local, por volta das 16h30. Durante este tempo, manifestantes esperaram do lado de fora.
Cerca de 20 aprovados em concurso da Brigada Militar estavam no local e fizeram coro para exigir a nomeação. Eles explicaram que trancaram a faculdade e saíram dos seus empregos depois de passarem nos concursos e lamentaram que, agora, vivem de empregos temporários. Representantes do Cpers também estiveram no local e exigiram o pagamento e o aumento do piso. Além disso, representantes do Coletivo Marcha Mundial das Mulheres protestaram contra o descaso do governo com a pasta.
Inicialmente, alguns manifestantes foram impedidos pela Brigada Militar de entrar no auditório onde ocorria a palestra. Quando conseguiram, interromperam o discurso do governador com vaias, que reagiu: “Nunca precisei vaiar ninguém para conseguir o que queria, nem em estádio de futebol”.
Em seu discurso e depois em entrevista coletiva, Sartori disse que as dificuldades fincaneiras do Estado são muito claras. “Nosso objetivo é manter o salário dos servidores, mas não se resolve dificuldades financeiras em um só momento. Por isso precisamos da compreensão da população”, disse. Ele garantiu que o governo dará continuidade a obras que estão sendo feitas no Rio Grande do Sul – “dentro do que as condições financeiras permitirem”. “Temos que matar um leão por dia para garantir o pagamento dos servidores e tentar equilibrar as contas. Essa caravana acontece justamente para mostrarmos a nossa realidade”, explicou.
A reportagem da rádio Gaúcha pergunou ao governador sobre a necessidade de se gastar com uma Caravana em um momento em que o Estado passa por dificuldades financeiras. Sartori disse que esta é a oportunidade de o governo conversar com a sociedade. “Gastamos aquilo que é possível, e, muitas vezes, até por conta própria. Mostrar à população que ela pode se engajar e participar de processos é um gasto extremamente necessário”, defendeu-se. Ele foi embora antes do final do evento.
O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, ressaltou que o Rio Grande do Sul é o estado mais endividado do país e lembrou que uma das consequências da crise é a dificuldade na melhoria dos serviços. “Entendo a demanda dos sindicatos e acho que elas são absolutamente legítimas, mas estamos em uma situação complicada”, lamentou. Ele também lembrou que o fato de o Estado gastar mais do que arrecada – cerca de 122% – é um dos grandes causadores da dívida. “Às vezes tomamos medidas que são amargas, mas necessárias”, admitiu.
Cerca de 350 pessoas passaram pelo auditório onde ocorreu a caravana. Estiveram presentes o vice-governador, José Paulo Cairoli; o secretário da Fazenda, Giovani Feltes; o secretário do Planejameno e Desenvolvimento Regional, Cristiano Tatsch; o secretário de Obras, Habitação e Saneamento, Gerson Burmann; e o secretário de Comunicação, Cléber Benvegnú. O déficit projetado para este ano é de R$ 5,4 bilhões.
RADIO GAÚCHA