Mais de 10 mil aprovados em concursos esperam nomeação no RS

IMAGEM ILUSTRATIVA
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Situação financeira do Estado suspendeu convocação de aprovados por tempo indeterminado

Mais de 10 mil aprovados em concursos estaduais aguardam nomeação no Rio Grande do Sul. São mais de 4 mil aprovados no último concurso do magistério, 3,8 mil aprovados no concurso da Secretaria de Recursos Humanos, 2 mil na Brigada Militar, 650 na Polícia Civil e 650 na Secretaria Estadual da Saúde.

O número é ainda maior, se forem consideradas seleções para órgãos estaduais que ofereceram menor número de vagas. A vida dessas pessoas está indefinida diante da situação financeira do Estado e do decreto do governador José Ivo Sartori, que em janeiro suspendeu nomeações pelo menos no primeiro semestre.

Um exemplo é o administrador Daniel Pinho, que foi aprovado para o cargo de inspetor da Polícia Civil no concurso que iniciou em 2013. Ele está entre os mais de 650 aprovados que ainda aguardam para o início do curso de formação, que é a última etapa a ser cumprida antes da nomeação. A convocação foi publicada pelo ex-governador Tarso Genro no dia 30 de dezembro do ano passado, mas foi suspensa pelo decreto de janeiro.

Daniel foi demitido do emprego, no qual atuava há nove anos. Isso ocorreu no fim do ano passado, quando houve a autorização para o início da formação. Ele continua desempregado.

“Quando teve a sinalização do início do nosso curso de formação pelo governo anterior, meus empregadores me demitiram em função de eu estar saindo a qualquer momento e estar faltando muito em função das diferentes etapas do concurso. Eu tenho filho pequeno, tenho casa para sustentar. Estou sendo bastante prejudicado pela indefinição de um calendário, para que possa programar a minha vida”, relatou.

Brigada Militar ofereceu 2 mil vagas
O concurso da Brigada Militar aprovou 2 mil candidatos, sendo 400 bombeiros e 1,6 mil para o policiamento. Entre eles está o estudante de Educação Física Maicon Santos. Ele relata que é muito difícil conseguir um emprego enquanto aguarda a nomeação. Relatou que constar na lista de aprovados dificulta o acesso às oportunidades.

Para o empregador, é arriscado contratar um aprovado que a médio prazo possa ser chamado pelo Estado. Maicon também sofre pelo impasse com relação ao futuro da faculdade. Ele está no sétimo semestre e teme ter que trancar o curso, só não sabe quando.

“Eu não tenho a situação, se eles me chamarem, se vou ter que trancar a faculdade para iniciar o curso, porque tem que ter disponibilidade 24 horas. E financeiramente, tu já tá projetando receber aquela quantia, visando já estar trabalhando para o concurso que tu fez”, afirmou.

Concurso ainda não homologado
Os 3,8 mil aprovados no concurso da Secretaria de Recursos Humanos vivem um quadro de indefinição ainda maior. A seleção sequer foi homologada, o que significa que eles não podem ter expectativa de nomeação. O assessor contador Marlon Duane é um dos aprovados. Hoje, ele trabalha em Sapucaia do Sul. Com a expectativa de ser nomeado em 2015, comprou uma casa em Porto Alegre.

“Eu, por exemplo, adquiri uma residência em Porto Alegre no final do ano passado com a previsão de que talvez ao longo deste ano fosse ocorrer a nomeação. Até porque trabalho em outro município que fica longe. Então eu vou ter todo esse deslocamento enquanto não houver a regularização desse concurso”, destacou.

A engenheira florestal Cristina Grabher foi aprovada para o cargo de técnico ambiental no concurso da Secretaria de Recursos Humanos. Ela relata que a indefinição quanto ao concurso tem um impacto importante na sua vida pessoal.

“A gente vem de longa trajetória de preparação, de estudos, de sacrifícios pessoais, e a gente fica a mercê de decisões políticas. A gente fica na dúvida. Tô terminando meu mestrado agora. Fico em dúvida se aceito uma proposta de trabalho, se começo um doutorado, tenho um filho. A vida fica um pouco suspensa. Você não sabe se vai tomar posse daqui um mês ou daqui três, quatro anos”, reclamou.

Posição do governo
Sobre o concurso da Secretaria de Recursos Humanos, o governo do Estado afirma que o caso está sendo analisado pelo Gabinete de Assessoria Especial (GAE). Se o Estado homologar o concurso, não poderá renovar contratos emergenciais e terá que chamar os aprovados. Isso ainda não tem previsão para acontecer.

Com relação a todos os outros concursos encerrados, a Secretaria Estadual da Fazenda garante que antes do fim do prazo do decreto que suspendeu novas nomeações, não há possibilidade de convocação de aprovados. Também não se estuda fazer nenhuma nomeação após o fim do decreto, no segundo semestre.

A única exceção até agora foi a posse de 540 professores aprovados no concurso do Magistério, realizado em 2013.

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