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Máfia dos celulares ameaça PMs em Porto Alegre

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Máfia dos celulares ameaça PMs em Porto Alegre
Não é raro os policiais militares serem desafiados durante as abordagens | Foto: Sandro Faser / Especial / CP
Não é raro os policiais militares serem desafiados durante as abordagens | Foto: Sandro Faser / Especial / CP
Não é raro os policiais militares serem desafiados durante as abordagens | Foto: Sandro Faser / Especial / CP

Vendedores clandestinos não se intimidam com presença de policiais militares

Além dos pedestres, policiais militares também são ameaçados por grupos que agem na venda de celulares roubados no Centro de Porto Alegre. Como são os mesmos PMs que realizam o trabalho de apreensão dos aparelhos, os policiais acabam “marcados” pelos criminosos. A frase “eu vou te matar” acabou virando bordão nas abordagens da Brigada Militar. Isso não intimida os brigadianos, garante a capitã Martha Richter, comandante da 1ª Companhia do 9º BPM.

Na última reportagem da série sobre o mercado clandestino da venda de celulares, o Correio do Povo em parceria com a Rede Record RS mostra que esses criminosos passaram a atuar sem medo da Polícia e com extrema ousadia.

Mas o aviso aos policiais militares não fica apenas nas ruas. Os vendedores clandestinos também se valem de outro artifício: recorrem à Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ou à Corregedoria da Brigada Militar. Nos dois casos, os vendedores reclamam da atuação policial e denunciam “abusos” cometidos pelos PMs. “Conseguimos provar o contrário do que eles (criminosos) estão acusando”, disse Martha.

O mercado clandestino de celulares também alimenta um comércio paralelo de armas, utilizadas para proteção da quadrilha. Nas ruas, os vendedores de celulares roubados muitas vezes são encontrados armados. Durante o trabalho da Polícia Civil para localizar os proprietários dos aparelhos apreendidos, os agentes acabaram encontrando inúmeras fotografias dos participantes desse esquema posando para a câmera do telefone. Eles portavam pistolas e revólveres. Na rua Voluntários da Pátria, as imagens mostram uma equipe de TV, que gravava uma reportagem, sendo afugentada pelos criminosos.

Na semana passada, o Correio do Povo acompanhou a venda de celulares roubados na Voluntários. Ao lado de uma das bancas, improvisada sobre caixas de papelão, estava o vendedor. Próximo a ele, dois outros homens observavam atentamente o movimento.

Polícia devolve 40% dos celulares

O esforço conjunto da Polícia Civil e da Brigada Militar já trouxe resultado positivo. Conforme o delegado Cesar Carrion, titular da 2ª DP, mais de 40% dos celulares roubados ou furtados são devolvidos para os proprietários. No entanto, o serviço de busca aos donos dos aparelhos e a tentativa de localizar quem está com os aparelhos trouxe uma sobrecarga de serviço na 2ª DP, esbarrando na falta de efetivo. Por mês, o escrivão Paulo Nunes tenta encontrar os proprietários de cerca de mil celulares. Como menos da metade são devolvidos, a cada dois meses os aparelhos são levados para o depósito.

No lado da Brigada Militar, a capitã Martha Richter reclama da demora para que o registro da ocorrência de furto ou roubo seja efetivado na 2ª DPPA. De acordo com a ela, em operações especiais, organizadas para coibir furto e roubo a pedestres, são empregados cerca de 40 PMs. No entanto, na hora de registrar o flagrante na delegacia, cada dupla de brigadianos espera em média de seis horas a sete horas para o fazer o registro. “Com este tempo, poderíamos estar atendendo outras ocorrências na área”, comentou a comandante da 1ª Companhia.

Furtos em lojas também

O mercado clandestino de celulares no Centro da Capital não se abastece apenas de aparelhos levados de pedestres. “É a maior parte”, afirma a comandante da 1ª Companhia do 9º BPM, capitã Martha Richter. Porém, também são roubados ou furtados aparelhos de dentro de lojas especializadas.

Um estabelecimento na Rua dos Andradas registrou um prejuízo de R$ 30 mil devido ao furto de 14 celulares. A situação ocorreu durante uma reforma, quando o estoque foi transferido para outra unidade no final de março. Vinte dias depois, a loja recebeu os telefones de volta. O gerente, 31 anos, deu a falta dos aparelhos. As suspeitas recaíram sobre um funcionário, que foi desligado da empresa. Ele não foi localizado pela Polícia.

Agentes da 2ª DP passaram a cuidar do caso. Para surpresa do gerente, os policiais recuperaram quatro celulares. Entre eles, um iPhone 6, avaliado em R$ 3,8 mil. Esse foi devolvido sem nenhum acessório. Um outro telefone foi entregue dentro da caixa. Os aparelhos estavam com compradores que usaram o mercado clandestino para adquiri-los.

CORREIO DO POVO