Após registro de desacato, vereador de Pelotas chama PMs de “bandidos com fardas”

17524562Pronunciamento de Vitor Paladini (PMDB) foi na tribuna da Câmara

O vereador Vitor Paladini (PMDB), de Pelotas, classificou como “bandidos com fardas” os policiais militares que o encaminharam à Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil (DPPA) por desacato no último domingo (19). O parlamentar utilizou o tempo destinado na tribuna nesta terça-feira (21) para reclamar da “ação truculenta” da Brigada Militar sobre uma ocorrência no bairro Fragata. Ele anunciou que o gabinete na Câmara está aberto para receber denúncias de abusos policiais e dirigiu-se diretamente ao comando da BM no município: “Vocês vão ter que me engolir”.

Dois boletins foram registrados na DPPA sobre o fato: o de autoria dos brigadianos, de desacato, e o de Paladini, de abuso de autoridade. Segundo os registros, a Brigada cumpriu por volta das 23h de domingo uma apreensão de drogas em uma residência na rua Almirante Landin, após denúncia anônima de venda de entorpecentes. Paladini, que é advogado, foi chamado ao endereço para representar uma das vítimas, que seria sua funcionária.

Ao chegar no local com a esposa, também advogada, ele teria sido impedido de acompanhar a ação pelos policiais, que relataram que o vereador estava atrapalhando a operação. Paladini e a esposa foram algemados e conduzidos à delegacia. O casal se negou a fazer exame de lesão corporal no Pronto Socorro de Pelotas (PSP), como é de praxe em conduções e detenções.

De acordo com a delegada que atendeu as ocorrências, Anita Caruccio, foi instaurado um termo circunstanciado que será encaminhado ao Judiciário. O caso é considerado uma infração de menor potencial ofensivo com pena de detenção entre seis meses e dois anos. Durante o discurso na Câmara, o vereador afirmou que os policiais fizeram a busca por entorpecentes sem mandado judicial. Mas segundo a delegada, foi constatada a presença de drogas na residência, o que configura crime permanente e exclui a necessidade da autorização.

A Rádio Gaúcha tenta contato com Vitor Paladini desde segunda-feira (20), mas ainda não obteve retorno. A assessoria do parlamentar marcou uma coletiva para falar sobre o caso às 14h desta terça-feira. Procurado, o responsável pelo comando da BM em Pelotas, tenente coronel André Pithan, também não respondeu aos telefonemas da reportagem.

Vereador de Pelotas diz que há “vício da ditadura” em ações da Brigada Militar

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Câmara apoiaram a manifestação

Paladini estava acompanhado de Ademar Ornel (DEM) e Marcos Ferreira (PT) na sede da OAB Foto: Jonathan Costa da Silva

Após declaração polêmica na tribuna da Câmara de Pelotas na manhã desta terça-feira (21), o vereador e advogado Vitor Paladini (PMDB) anunciou uma batalha contra o que nomeou de “vício da ditadura” dentro do comando da Brigada Militar em Pelotas. O parlamentar disse que foi vítima de abuso de poder após ser encaminhado à delegacia da Polícia Civil no último domingo (19) por desacato durante uma ação de busca e apreensão de drogas no bairro Fragata. Ele disse que vai denunciar o caso à Corregedoria Militar e à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai acompanhar o pedido de desagravo contra o comando. O presidente da OAB em Pelotas, Luís Antônio Carvalho, marcou uma reunião com advogados na quinta-feira (23) para reunir possíveis atos de abuso policial durante a atividade profissional no município.

Em entrevista coletiva realizada nesta tarde na sede da OAB e acompanhado pelo presidente da Câmara, Ademar Ornel (DEM), e pelo vereador Marcos Ferreira (PT), Paladini narrou o caso ocorrido por volta das 22h de domingo na rua Almirante Landin. Ele e a esposa, a também advogada Angela Souza e Silva, foram chamados por telefone pela empregada doméstica do casal, cuja casa teria sido invadida por operação policial. Segundo Paladini, além de ser impedido de acompanhar a ação, o casal foi ameaçado e algemado. “Arrancaram da minha mão a carteira da OAB e nos enfiaram em uma viatura”.

O parlamentar disse que foi agredido nos punhos e na cabeça, mas se negou a fazer o exame de corpo delito no PS. “Os policiais não me levaram para fazer o procedimento e a delegacia também não emitiu requisição”. Paladini ainda questionou a inexistência de mandado para a apreensão de drogas na residência da funcionária, que segundo ele, não tem envolvimento com a venda de entorpecentes. As críticas foram direcionadas a um sargento que teria tido “comportamento virulento” com o casal de advogados.

A versão da Brigada Militar se contradiz com a de Paladini. Os policiais envolvidos no caso registraram ocorrência por desacato contra o vereador e disseram que ele e a esposa atrapalharam a ação de busca às drogas no endereço. O major Rogério Vasconcelos, no comando temporário da BM em Pelotas, afirmou que não houve constatação de abuso de violência na ação policial. “O que houve foi uma intervenção no local da ocorrência. O vereador ofendeu os agentes e por isso foi conduzido à delegacia”. Segundo o major, os brigadianos estão sendo inqueridos sobre o fato. A partir das declarações, será formalizado um relatório ao Comando Regional Sul.

De acordo com a Polícia Civil, foram encontradas drogas no endereço da apreensão e duas pessoas foram presas em flagrante. A operação foi realizada após denúncia anônima.

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