Na Polícia Civil, delegacias reduzem atividades a partir da madrugada desta segunda
A partir da próxima terça-feira (01), entidades que representam policiais militares do Rio Grande do Sul planejam protesto maior do que o realizado no dia 3 de agosto, quando ocorreu o primeiro parcelamento dos salários pelo governo Sartori. Em vez de acompanhar as demais categorias — que já confirmaram que vão parar a partir desta segunda-feira —, dirigentes dos brigadianos irão aguardar o pronunciamento do governador, previsto para as 10h30, para então definir os rumos da paralisação.
Com a primeira parcela de R$ 600 já confirmada, o presidente da Associação de Cabos e Soldados (Abamf), Leonel Lucas, antecipa que a orientação será, ao menos durante a terça, por deixar quarteis e batalhões somente para atender ocorrências graves. “Vamos aquartelar, até porque, com o que o governo está fazendo conosco, psicologicamente, não tem como o brigadiano trabalhar mais. Vamos reunir todas as lideranças das entidades da BM e depois fazer uma carta à população e à imprensa. Desta vez, acho que vai ser bem maior, porque muita gente não recebeu nada”, afirma.
Os servidores confirmaram que o Banrisul, banco estatal gaúcho, já retirou débitos automáticos das contas e não adiou nenhuma data de pagamento. Como, por lei, os policiais militares não podem fazer greve, a falta de estrutura para manter o policiamento ordinário deve voltar a ser argumento para o aquartelamento. Ainda, no mês passado, associações de familiares dos brigadianos foram responsáveis por bloqueios que impediram a saída de viaturas de batalhões.
Já os agentes da Polícia Civil anunciam que vão reduzir os trabalhos nas delegacias já a partir da madrugada de domingo para segunda-feira, e manter apenas atendimento a casos graves até quinta-feira. O presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ugeirm), Isaac Ortiz, ressalta que as manifestações não contestam somente o parcelamento dos salários, mas também a redução de investimentos na segurança desde o início do ano. “Não só contente em desmontar tudo aquilo que já estava construído, o governador agora atinge diretamente os policiais e seus familiares, cortando brutalmente os salários. E essa crise é seletiva, porque só atinge parte do Executivo, principalmente, Educação, Segurança e Saúde”, declara.
Em Cruz Alta, no Norte do Estado, brigadianos, policiais civis e professores preparam um protesto em frente à Câmara Municipal, ao final da tarde desta segunda, para cobrar posicionamento dos parlamentares sobre os decretos do Estado que reduziram verbas para os setores. O sargento João Paulo Baraldo destaca que, em muitas cidades da região, há apenas um PM trabalhando no turno do dia e no máximo dois no período noturno. Por isso, eles também cobram a nomeação de dois mil brigadianos já aprovados em concursos.
Os policiais manifestam preocupação, ainda, em relação àqueles que têm pensões alimentícias a pagar e podem ser presos por descumprimento de medida judicial devido ao parcelamento dos salários. A Secretaria da Fazenda garante que os pagamentos de pensões ocorrerão da mesma forma do mês passado, com depósito separado de uma parcela de até R$ 600 na conta do responsável pela criança ou adolescente. O mesmo vai ocorrer para viúvas, ex-governadores, o atual governador, cargos em comissão e secretários do governo — exceto aqueles que recebem como deputados através da Assembleia Legislativa e do Congresso, ou são afastados de outros cargos do serviço público.