Escolas públicas, Polícia Civil e Brigada Militar devem manter restrições como forma de protesto
Os servidores públicos do Rio Grande do Sul acreditam ter exercido pressão suficiente no governo do Estado para motivar a decisão de pagamento dos salários atrasados antes dos prazos anunciados, como foi confirmado na manhã desta terça-feira. No entanto, sem quaisquer garantias de que receberão em dia ao final deste mês, os trabalhadores ainda não veem motivo para comemoração. As operações-padrão devem ser mantidas na educação, segurança pública e demais serviços que vêm sofrendo restrições no Estado, conforme as entidades.
O presidente da Fessergs (Federação Sindical dos Servidores Públicos do RS), Sérgio Arnoud, garante que a mobilização no interior do Estado será mantida e que o sentimento de insegurança de todas as categorias pode levar a uma greve geral. ”Consideramos que, de certa forma, houve uma vitória do movimento unificado em defesa do pagamento integral dos salários. Mas isto é apenas o primeiro passo e a nossa luta continua. Mantemos a mobilização e está mantida a assembleia geral do dia 18. O sentimento que temos é de manter a possibilidade da greve a partir do dia 18?, alerta.
O Cpers-Sindicato mantém a recomendação para que as escolas estaduais sigam com turno reduzido. A presidente da entidade, Helenir Schürer, lembra que a mobilização começou antes do parcelamento de salários, devido às restrições impostas pelas leis de Diretrizes Orçamentárias e de Responsabilidade Fiscal. ”O movimento unificado se deu através dos projetos que o governo apresentou na Assembleia. O PL 206 é o pior, da Responsabilidade Fiscal, que vai impedir inclusive nosso piso. O fato de o governo pagar hoje, com onze dias de atraso, não traz nenhuma novidade. O que reafirmamos é que tinha dinheiro e foi opção do governo não pagar os servidores e cumprir a constituição”, destaca.
Os servidores da Polícia Civil representados pela Ugeirm (Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da PC) também não devem voltar às atividades normais imediatamente e seguem alertando para restrições na estrutura impostas pelos cortes de gastos do governo. O presidente da entidade, Isaac Ortiz, acusa o governo Sartori de estar deliberadamente provocando a insegurança nos trabalhadores e na população para justificar privatizações futuras. ”Desde que assumiu, ele elegeu o servidor público para demonizar. (…) E é um grande contribuidor para o aumento da violência instaurada no Rio Grande do Sul. O grande projeto dele é criar esse caos para atender aos interesses de seus grandes financiadores na questão da privatização de grandes empresas do Estado”, declarou.
Na Brigada Militar, a Abamf, que representa os servidores de nível médio da corporação, também não acredita que os ânimos sejam acalmados pela antecipação do prazo pelo governo. Embora os policiais militares, por lei, não possam paralisar atividades, o presidente Leonel Lucas destaca que, diante do descumprimento da lei pelo próprio governo, a reação dos brigadianos não pode ser mensurada. ”Não muda nada e nem pode mudar, porque é obrigação do governo pagar em dia seu funcionário. O povo está muito revoltado e, no meio de atrasos, ainda colocam mais projetos para massacrar os servidores públicos. Por lei, o governador teria de nos pagar em dia. Quem descumpre leis está arriscado a qualquer coisa. Vamos ver o que vai acontecer no dia 18?, alerta.
Representantes sindicais estão em Caxias do Sul nesta terça-feira e, nos próximos dias, seguem roteiro pelo interior do Estado em Passo Fundo, Cruz Alta e Ijuí. O objetivo é convocar colegas a virem à Capital no dia 18 para participar da assembleia geral.