Sartori garante parcelamento de salários, mas não sabe valor da primeira parcela

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Elevação da tributação virou uma necessidade, diz Sartori. Foto: Bruna Cabrera / CP
Elevação da tributação virou uma necessidade, diz Sartori. Foto: Bruna Cabrera / CP

Governador disse esperar compreensão da Assembleia para que se possa, com o aumento de impostos, construir um novo poder público

Em entrevista exclusiva realizada nesta terça-feira no programa Agora, da Rádio Guaíba, o governador José Ivo Sartori (PMDB) apresentou um panorama das atividades da gestão que, até o momento, vêm causando desconforto à população. Sartori reiterou que, apesar de ter prometido na campanha eleitoral não aumentar impostos, a realidade o obrigou a apresentar essa alternativa para que o Estado tente sair da crise atual.

Sobre a necessidade de votos para que o projeto amargo de ajuste fiscal passe na Assembleia Legislativa, Sartori apontou que ainda não contabiliza quantos votos já dispõe para que a proposta passe no Parlamento. No entanto, afirmou que não está governando o estado para fazer a “mesmice” de demais governadores. Além disso, disse esperar que a Assembleia dê condições para que um novo poder público possa ser elaborado.

“Eu não vim para fazer a mesmice. Não vim pela vontade popular de continuar empurrando as coisas com a barriga. Chegou a hora de tomarmos a atitude. E o que eu espero da Assembleia é que ela nos dê as condições possíveis de começar a construir um novo poder público no Rio Grande do Sul, que passa por todas as medidas que nós colocamos na Assembleia: vai da questão do projeto de lei complementar que trata da questão da Previdência, vai da Lei de Responsabilidade Fiscal, como a Assembleia já aprovou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e também, evidentemente, esse que é o remédio amargo que é o aumento de imposto”, explicou Sartori.

Sobre o congelamento de salários para os próximos anos, o governador apontou que a LDO garante elevação de até 3% para os servidores. Mas, questionado se o governo já sabe quando vai ser paga a primeira parcela do salário de servidores e qual o valor, Sartori assegurou que ainda é preciso esperar a ampliação de receitas nos próximos dias.

Questionado se a intensificação do combate à sonegação fiscal não deve ser a primeira alternativa para tentar retirar o estado da crise atual, Sartori apontou que todas as ações estão sendo ampliadas. No entanto, lembrou que a atividade é diária e que, infelizmente, nem sempre vai ser possível conseguir capturar os valores devidos há anos por empresas já fechadas.

“Nunca vi ninguém dizer, por exemplo: “vamos diminuir a sonegação e o imposto vai baixar”. Até porque a sonegação é uma concorrência desleal com quem cumpre suas obrigações. Nós todos, desde o começo do governo, estamos fazendo todas as partes que precisam ser feitas. A sonegação tem que ser combatida todos os dias. E eu tenho certeza que isso vem sendo feito. Mas aquilo que foi desativado há muito tempo é difícil se reconstruir agora”, explicou o governador.

Já sobre as isenções fiscais, crítica que vem sendo feita diariamente por servidores públicos, principalmente na área da Fazenda, onde se levanta a necessidade de se analisar os contratos firmados há muitos anos com empresas que se implementaram no Estado, Sartori garante que muitos acordos já foram revistos e que, além disso, 30% das isenções foram contingenciadas.

“Todos os benefícios fiscais foram revistos e contingenciados em 30%. Todos os incentivos e benefícios fiscais. E existem outros a caminho. Ainda estamos negociando e conversando para reduzi-los ainda mais. Mesmo porque, se você retirar tudo que for de benefício fiscal, aí sim você não atrai mais nenhum investimento para o RS. E, aliás, devo dizer que é uma boa notícia nesses quase oito meses as aplicações que já foram feitas e que ainda virão. Nós chegamos a mais de R$ 13 bilhões só neste ano”, garantiu o peemedebista.

Apesar da quarta fase do pacote de ajustes fiscais ainda não ter sido aprovada na Assembleia, Sartori já garante que novos planos de cortes serão apresentados ao Parlamento gaúcho.

Fonte:Vitória Famer / Rádio Guaíba