Arnoud afirma que meta é sensibilizar deputados contra projetos

FESSERServidores acampam em frente ao Palácio Piratini

Categorias mantêm greve até sexta e pedem a retirada de projetos

Desde a madrugada de ontem, servidores públicos estaduais de 43 categorias afetadas pelo parcelamento de salários definido pelo governador José Ivo Sartori estão acampados na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini e à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. De acordo com os representantes das associações e entidades, as barracas não têm data para serem desmontadas. Além de manifestar repúdio às medidas, o grupo quer estimular a retirada de projetos do ajuste fiscal propostos pelo Executivo, que devem trancar a pauta da Assembleia nos próximos dias.

De acordo com a Casa Civil, são 13 projetos com votação prevista para esta semana. Inicialmente, eram 16, mas, na semana passada, o governo retirou o regime de urgência do Projeto de Lei 300/2015, que trata da extinção da Fundação Zoobotânica, do PL 208/2015, que autoriza o Banrisul a criar estrutura societária para atuar no ramo de distribuição de seguros, previdência aberta e capitalização, e do PL 214/2016, sobre a revisão de benefícios fiscais. A principal reivindicação dos servidores é contra o PLC 206/2015, que regulamenta normas de responsabilidade fiscal ao Executivo estadual. Eles entendem que o PLC os afeta diretamente, uma vez que pode impedir promoções, nomeações e concursos públicos, além de anular reajustes já acordados no governo anterior.

O presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud, garante que a concentração na Praça da Matriz segue, no mínimo, até semana que vem. “A mobilização continua forte, principalmente entre a segurança e a educação e agentes penitenciários. A saúde também participa, mas de forma restrita”, comenta. “Buscamos sensibilizar os deputados para que não sejam favoráveis aos projetos, algo difícil devido aos compromissos que a base já assumiu com o governo”, lamenta Arnoud.

A presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Sinpol-RS), Ilorita Cansan, afirma que, apesar de manter os atendimentos de urgência e emergência com o serviço de 30% do efetivo de cada delegacia, a decisão de manter a paralisação até sexta-feira, dia 11, foi unânime. “A situação é muito grave. O pessoal não tem condições de sair de casa e de pagar as contas, que seguem atrasando”, argumenta.

Para Ilorita, a adesão da segurança é uma das mais sentidas, porque afeta a todos. Ela acredita que, como a redução do policiamento é de conhecimento geral, os criminosos se sentem mais livres para atuar. “Não estamos pedindo nada além do cumprimento da lei. Não temos culpa da bagunça feita por outros governantes e não é justo que paguemos a conta.”

Representante dos agentes penitenciários, o presidente do Sindicato dos Monitores, Agentes e Auxiliares Penitenciários (Amapergs), Flávio Berneira, estima que a ampliação da duração da greve deve aumentar o número de audiências e movimentações externas atrasadas no Estado, que já passa de 1,5 mil. Atividades como laudos periciais e atendimento administrativo nas penitenciárias estão suspensas. Dentro dos presídios, Berneira garante atendimento médico e alimentação. “Tivemos algumas crises. Na Penitenciária Modulada de Guaíba, as detentas atearam fogo nos uniformes para protestar. É uma revolta natural.”

O Cpers/Sindicato, primeira categoria a definir a adesão grevista até o dia 11, marcou, para este dia, uma Assembleia Geral no Pepsi On Stage (avenida Severo Dullius, 1.995, bairro Anchieta). A pauta oficial ainda não foi definida.

JORNAL DO COMÉRCIO