Da série: eu mando, você obedece

É fácil conduzir uma tropa, até porque no militarismo, infelizmente existe hierarquia. O poder desmedido pode ser visto pela manhã de hoje no 15° Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Canoas. O comandante obrigou sua tropa, formada por homens e mulheres, a caminhar no interior de um matagal, localizado na área da Base Aérea, por mais de 40 minutos para chegar a base, serem apanhados por um microonibus e seguirem para a Expointer, no Parque Assis Brasil, em Esteio.

Não sei se humilhação é a palavra certa. Porém sente-se a dor dos agentes ao observar as fotos. As fardas camufladas estão sujas, assim como o orgulho de cada um, que está ferido. Não bastasse receber apenas 600 reais e depender de “bico” para sobreviver, o policial é ameaçado pelos seus superiores. “Eu mando, você obedece”. Sem chance de diálogo, sem chance de justificativa. A política que suja a Brigada Militar. A política daqueles que visam apenas a autopromoção. Esquecem que cada um daqueles que precisou ingressar no mato, pular possas e atoleiros com suas fardas, as mesmas fardas que ESCOLHERAM vestir para proteger a sociedade, estão preocupados, pois não sabem como vão pagar suas contas, como vão honrar com seus compromissos e como vão olhar para seus filhos de cabeça erguida.
Enquanto isso, os oficiais e seus “motoristas particulares” ordenam e ameaçam no conforto de um gabinete. “Estudaram para isso”. “Foram capacitados”. “Sigam o exemplo”. Afirmativas de quem não conhece o militarismo, de quem não sabe como é difícil não ter voz. Há comandantes que ameaçam. Como aconteceu em Canoas hoje: os policiais foram obrigados a entrarem no mato sob o aviso de transferência e saída da tropa. Ameaças levianas, assim como o coração daquele que tem o poder nas mãos.
Tudo é possível na política. Tudo é possível para aquele que não dá a mãos à sua tropa. O que vai acontecer? Sem dúvida os agentes que foram “abraçados” pelos seus familiares na frente do quartel terão as orelhas puxadas e serão boicotados pelo comando político. Represálias que a imprensa e a sociedade não sabem, ou omitem, muitas vezes.
E aí, o que pensar?
O único pensamento que me vem em mente é que o “vadio” é aquele que vê tudo calado e não age.
Sem mais.

Matéria da Jornalista Franceli Stefani do Jornal Primeira Página

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