Moradores da Vila Cruzeiro e do Morro Santa Tereza defendem presença permanente da BM

Nesta manhã, soldado foi chamado por uma moradora que, com bebê no colo, agradeceu a presença do efetivo no bairro Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Nesta manhã, soldado foi chamado por uma moradora que, com bebê no colo, agradeceu a presença do efetivo no bairro
Foto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

A partir desta segunda-feira e por tempo indeterminado, mais de 100 policiais farão patrulhas e abordagens a suspeitos e incursões em áreas dominadas pelo tráfico

Após os episódios de violência na última sexta-feira — quando um tiroteio matou um homem e deixou sete feridos e um ônibus foi incendiado —, moradores da Vila Cruzeiro e do Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, acordaram nesta segunda-feira com a presença de mais de 150 policiais militares, que circulavam em viaturas e helicóptero pela região.

Para a maioria, a investida do policiamento no local é importante e não deve ser temporária. A comerciante Luciane da Fontoura, proprietária de um bar na Cruzeiro, acompanhou a correria que tomou conta da frente do posto na tarde da sexta. Ela fechou o estabelecimento e só voltou a abrir nesta segunda, quando dezenas de policiais militares e guardas municipais tomavam conta da rua em frente à emergência do posto.

— Passa uma certa sensação de segurança ver o policiamento aqui, mas não adianta ser só quando acontece alguma coisa — afirma Luciane.

Ana Rita Silveira, que acompanhava o marido no atendimento médico nesta manhã, também defende a presença constante dos policiais na região.

— Só não adianta fazer esse tipo de operação durante um dia e depois abandonar o bairro de novo. Eu só vou acreditar em segurança por aqui quando uma viatura estiver estacionada o dia inteiro na frente do posto — diz a moradora.

De acordo com o comandante do 1º Batalhão de Operações Especiais (1º BOE), tenente-coronel Carlos Alberto Prado de Andrade, entre 80 e 100 policiais farão patrulhas 24 horas pela região, por tempo indeterminado, a partir desta segunda-feira. A operação consiste em abordagens e reconhecimento de suspeitos, incursões em áreas conflagradas pelo tráfico de drogas e operações no transporte coletivo — com efetivo em ônibus e lotações e barreiras em horários determinados. Normalmente, o policiamento ocorre na Cruzeiro com 10 homens, divididos entre dois postos e duas viaturas.

— Vamos estabelecer um ponto de controle móvel no Belvedere (Morro Santa Tereza) e outro junto ao posto de saúde da Cruzeiro do Sul. Ficaremos ao longo de todos os dias, o dia inteiro, até que a situação volte à normalidade, até que a comunidade possa se movimentar e viver aqui em segurança — garante o comandante.

Do início da ocupação da polícia no local até as 11h desta manhã, quatro pessoas haviam sido presas — duas por tráfico de drogas, uma por porte ilegal de arma e  outra por ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsa e estar em um carro roubado. Policiais do BOE também fizeram duas patrulhas na Vila Gaúcha, popularmente conhecida como Vila do Buraco Quente, no Morro Santa Tereza. Durante a abordagem pelas ruelas, um soldado foi chamado por uma moradora que, com bebê no colo, agradeceu a presença do efetivo no bairro.

— Para nós é bom que a polícia esteja aqui. Mas que venha em situação de tranquilidade, para evitar a criminalidade. E não quando o problema já aconteceu, porque aí ele trazem ainda mais violência. E, violência, quem mora aqui já tem de chega. Agradeci a ele pelo trabalho na comunidade — conta a dona de casa Andreia Domingues.

Mas nem todos concordam com a ocupação da polícia na região. Para o líder comunitário Davison Soares, que mora na Glória, mas se reúne periodicamente com a Secretaria de Saúde para discutir a situação do posto da Cruzeiro, a investida da corporação “cria terror na comunidade”.

— Colocando uma polícia intensiva assim na comunidade, em todo o bairro, ficamos com um sentimento de pânico, de que não está tudo controlado ainda. É preciso de uma estratégia de ação, porque, caso contrário, logo mais a BM deixa a área mais uma vez e a gente, como fica? — questiona Soares.

* Zero Hora