Dois dos principais secretários de Sartori estão em rota de colisão

NO COMANDO DAS FINANÇAS, Giovani Feltes estaria incomodado com o fato de somente ele vir a público anunciar medidas impopulares, enquanto Márcio Biolchi prefere transitar nos bastidores 

Escolhas pessoais do governador José Ivo Sartori, nomes mais vistosos do núcleo político do Palácio Piratini, os secretários da Fazenda, Giovani Feltes, e da Casa Civil, Márcio Biolchi, ambos do PMDB, estão em rota de colisão.

Divergências sobre o rumo do governo são parte do racha, mas a motivação mais candente é a superexposição de Feltes como homem da linha de frente do ajuste fiscal, das medidas impopulares para enfrentar a crise, enquanto Biolchi mantém postura mais moderada, transitando preferencialmente pelos bastidores.

Na equipe do secretário da Fazenda, as reclamações são constantes. O discurso é de que Biolchi “quer ficar na zona de conforto”. O indicativo é de que Feltes está incomodado com a tarefa de ser o responsável por vir a público para anunciar medidas drásticas ou, valendo-se da sua oratória, fazer a defesa do governo e o convencimento da sociedade e de parlamentares sobre a situação caótica das finanças.

A fissura também está alicerçada no rumo que o governo Sartori deverá tomar. Feltes defende que é preciso investir rapidamente em cortes e reformas estruturais mais profundas para tirar o Rio Grande do Sul da crise em longo prazo.

BIOLCHI NEGA ATRITOS E FELTES PREFERE NÃO FALAR

Biolchi faz contraponto, indica os desgastes políticos, procura moderar e desacelerar as medidas governistas.

– Eles têm algumas divergências fortes, especialmente sobre a velocidade e profundidade das transformações no Estado. O Giovani faz mais o estilo gestor, rígido e executivo. O Márcio é mais parlamentar, conciliador e ponderado – diz um deputado com trânsito na cúpula do governo.

– Não vejo problema na divergência, desde que não inviabilize a mínima convivência entre os dois – completa.

Biolchi negou atritos e classificou como “boa” e “madura” a convivência com Feltes.

– As dificuldades são tão grandes que o ambiente é difícil, temos de matar um leão por dia. O papel da Fazenda não teria como ser diferente do protagonismo. O Giovani é o nome certo pela experiência e liderança. Não é só a Casa Civil que tem de fazer a interlocução com a sociedade – avaliou Biolchi.

Procurado pela reportagem, Feltes preferiu não se manifestar.

CARLOS ROLLSING |

ZERO HORA