JORNAL O SUL: Comando informal

A falta de efetivo na Polícia Civil faz com que delegados respondam cumulativamente por duas ou mais delegacias. (Foto: Jackson Ciceri/ o Sul)
A falta de efetivo na Polícia Civil faz com que delegados respondam cumulativamente por duas ou mais delegacias. (Foto: Jackson Ciceri/ o Sul)

Wanderley Soares

Entre os inúmeros reflexos da estagnação da política da segurança pública, que deveria ser, por excelência, dinâmica e com aperfeiçoamento permanente para um efetivo sólido em número e em remuneração, está a perda de profissionais, pela aposentadoria, formados e treinados com alto custo, para a iniciativa privada. Com isso, a segurança dos cidadãos e das empresas dependerá, cada vez mais, do poder aquisitivo. Quem quiser segurança confiável terá de comprá-la. E isto, por evidência, é o que está acontecendo. No mesmo diapasão, os profissionais da ativa estão irremediavelmente compelidos aos bicos, quer pelos baixos salários e o risco permanente de atrasos, quer pela exigência do mercado. Pequenos empresários, clubes, lotéricas, donas de bordéis, a máfia do jogo e até igrejas, também assediados pela bandidagem, têm de recorrer a uma vigilância semiclandestina. E assim está sendo tecida a segurança pública, que terá, antes de tentar corrigir estes desvios, de buscar meios de exercer um comando informal sobre eles.

Controle
A falta de efetivo na Polícia Civil faz com que, no interior do Estado, delegados respondam cumulativamente por duas ou mais delegacias. Nas DPs sem delegados titulares, os trabalhos de investigação e mesmo cartoriais são feitos pelos profissionais de nível médio (comissários, inspetores e escrivães). Os delegados assinam os inquéritos e recebem as gratificações pelo acúmulo de funções. A categoria de delegados não reclama da obrigação de abraçar tamanha responsabilidade. Às comunidades que não contam com policiamento ostensivo nem com delegado titular resta ouvir o discurso de que tudo está sob controle.

Hipismo
A falta de efetivo parece ter atingido os festivais hípicos brigadianos, tanto que milicianos de regimentos do interior do RS estão há mais de uma semana à disposição do 4 Regimento em Porto Alegre para a realização da edição desta modalidade olímpica na Capital. Além deles, outros brigadianos (principalmente oficiais) se deslocam para tais festividades usando cavalos da corporação e respectivos transportes. Esporte não é a minha seara, mas os coleguinhas especializados costumam me conceder vênia.

Ciclismo
Viaturas adquiridas pela Brigada, em convênio com o governo federal para uso exclusivo nas regiões de fronteiras do RS, foram remanejadas pelo comando da corporação para uso na Capital. Em Brasília, chamam isso de pedalada.

Decisões oficiais
Deu no Diário Oficial do Estado (com aditivos sem lactose deste humilde marquês) : – A professora Beatriz Tonial Sossela foi prorrogada na Câmara dos Deputados (há quem afirme que, neste caso, não há fumos de nepotismo); um tenente e 18 sargentos alcançaram a aposentadoria (para o governo, o policiamento ostensivo com efetivo em queda, mas qualificado); o servidor Romulo Medeiros Saraiva, da Secretaria dos Transportes, viaja de 21/11 a 9/12/15 para Madri/Espanha a fim de participar do Curso “Gestión de la Seguridad Operacional” módulo Master em Gestión em Sistemas Aeronáuticos, com direito às passagens aéreas; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio de Oliveira Branco, viaja de 12 a 22/11/2015 para o Japão a fim de participar da missão de atração de investimentos ao Japão que abrangerá as cidades de Tóquio, Osaka, Nagóia e Hamamatsu, com 10,5 diárias de 350 dólares/dia e passagens aéreas; o diretor presidente da AGDI, Álvaro Rodrigo Woiciechoski da Silva, e o agente de desenvolvimento Christiano Cruz Ambros viajam de 10 a 30/11/2015 para a Alemanha, Japão e China, a fim de participar de reunião agendada com investidores alemães durante a feira Agritécnica e missão de atração de investimentos à Ásia, com 17 diárias de 350 dólares/dia, 2,5 diárias de 350 euros/dia e passagens aéreas; a professora Eliana Alves Maboni foi prorrogada na Secretaria de Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos.

JORNAL O SUL