Lei estadual de Responsabilidade Fiscal pode acabar com a estabilidade do funcionalismo, adverte oposição

thumbMedida não impede que Piratini reedite decreto de contenção de gastos em janeiro. Ainda assim, secretário espera chamar 2,7 mil concursados na Segurança Pública

Deputados de oposição alertaram hoje que a Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, aprovada nessa madrugada pela Assembleia Legislativa, põe em risco o direito à estabilidade do funcionalismo público. O deputado Jéfferson Fernandes, do PT, ponderou que, hoje, o Executivo já extrapola os gastos com pessoal em 15,84% e que a possibilidade de exonerações virou iminente com a definição de um teto de gastos de 60% da receita corrente líquida. “Infelizmente essa situação foi criada a partir da nova fórmula de cálculo do governo Sartori. Ou seja, quando houver excesso nos gastos públicos, o servidor estável pode ser demitido”, explicou.

A assessoria jurídica da bancada petista já estuda fundamentos a fim de questionar a Lei de Responsabilidade pela via judicial. Um dos argumentos é que a matéria não passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia, encarregada de atestar a legalidade das propostas que vão a plenário. Ainda assim, Fernandes reconhece que a exoneração de um servidor com o benefício da estabilidade passou a ter respaldo constitucional. Ele lamenta que esse tipo de benefício esteja sendo perdido. “A estabilidade cai por terra, essa previsão está explícita na Lei de Responsabilidade Fiscal Federal, que a partir da aprovação passou a contar com respaldo até mesmo na Constituição. Agora, o nosso Estado ganha lei de responsabilidade própria e, se o que foi aprovado for obedecido, acabou essa vantagem”, esclareceu.

Na Casa Civil, porém, o dado é de que o gasto do governo com pessoal segue dentro dos limites dos parâmetros estabelecidos pela nova Lei, embora os gastos do Executivo tenham atingido o patamar considerado “prudencial”.

Decreto de contenção de gastos

No governo, crescem as especulações de que o decreto de contenção do governador Sartori, que vence em 31 de dezembro, possa ser prorrogado por mais seis meses. A meta do Palácio Piratini estabelecida com a medida, de uma economia de R$ 1,07 bilhão, vai ser atingida. Ainda assim, a compreensão é de que a Lei de Responsabilidade Fiscal não impede a reedição do decreto, que congela outros tipos de gastos, além da folha de pessoal.

Se houver, porém, o decreto de contenção deve ser diferente do original. A tendência é de flexibilidade, mantendo cortes em diárias e horas extras, por exemplo, mas abrindo espaço para nomeações e convocação de aprovados em concursos públicos para repor servidores que foram exonerados, morreram ou pediram aposentadoria.

Secretário ainda espera chamar 2,7 mil concursados na Segurança Pública

O secretário da Segurança, Wantuir Jacini, mantém a expectativa de chamar 2 mil brigadianos e cerca de 700 policiais civis aprovados nas últimas seleções. Porém, é aguardada a manutenção ou não do decreto do governo, já que a decisão depende dessa medida.

Os aprovados que já perderam e reconquistaram as esperanças de serem aproveitados se sentem novamente sem rumo. “Existe uma grande indefinição no governo com relação ao nosso contingente e combate à violência por meio de investimentos em Segurança Pública. Assim como a sociedade, que se sente insegura, queremos, mas não sabemos se podemos confiar no governo Sartori”, ponderou um deles, André Gonçalves.

Com relação à área da Segurança, a Lei de Responsabilidade Fiscal abre exceção, assim como na Saúde e Educação. Mesmo que não haja um crescimento na arrecadação, o que impede novas seleções, foi estabelecida uma excepcionalidade para a realização de concursos públicos, nessas áreas, em caso de necessidade de mais pessoal.

Fonte:Voltaire Porto/Rádio Guaíba